"São gémeas Senhor, são gémeas"


P ara quem estudou História de Portugal como deve ser (antes de "estupidificarem" o ensino e tornarem a maioria dos professores em meros técnicos de ensino sem sentido crítico; o que poderá explicar a falta de sentido de humor de muita gente) deverá recordar-se do episódio da Rainha Santa Isabel, a qual, segundo a lenda, transformou pães em rosas, de modo a iludir o austero senhor seu marido, ajudando com este milagre os mais necessitados.

Chegados às vésperas de mais um aniversário do dia de Portugal (com imensa gente pública e política a gastar o dinheiro dos contribuintes em comemorações; haja festas e arraiais eleitorais), o filho de Marcelo não terá tido tanta sorte com o pai, que depois o renegou, quando tentou dizer:

- São gémeas Senhor, são gémeas!

Num País que nada faz pela maioria dos seus, o certo é que os contribuintes ficaram a "arder" com 4 milhões de euros por causa de duas gémeas brasileiras naturalizadas portuguesas em tempo record.

Nada contra as crianças, nada contra a sua nacionalidade, tudo contra o esquema desta "cabala" que põe e dispõe do nosso dinheiro como se tivesse o direito divino a ocupar os lugares públicos e a beneficiar uns (os amigos) em prejuízo de outros (a maioria), numa violação sistemática do artigo 3.º da Constituição (que contempla o princípio da igualdade).

Havia - no meu tempo - uma figura jurídica chamada "responsabilidade financeira reintegratória", ou seja: aqueles que gastaram (sem estar orçamentado, sem estar autorizado ou em proveito próprio e de terceiros) dinheiros públicos de forma incorrecta tinham o dever de proceder à sua restituição.

Não sei por que razão o Ministério Público (por iniciativa própria ou por ofício do Tribunal de Contas, entidade muito calada para já) não considera este processo das rosas, perdão, das gémeas brasileiras, uma situação enquadrada neste tipo de responsabilidade, pois há, nitidamente, um crime de dano patrimonial contra o Estado (o mesmo que dizer, contra os contribuintes que o sustentam).

E quem diz das gémeas poderia desfilar inúmeros rosários de situações que chegaram ao conhecimento público e que seria fastidioso enunciar. 

Para os estudiosos, basta consultar o site das contratações públicas e investigar o volume das adjudicações directas para perceber como andamos a ser, de há muito, enganados.

Lembro, por exemplo, que Miguel Albuquerque pagou 20 mil euros por um mastro (!) de bandeira (quem foi o amigo fornecedor?...) e que, enquanto vice-presidente do (des)governo regional, Pedro Calado pagou cerca de 60 mil euros ao seu patrão do Grupo AFA para o estacionamento de viaturas do governo no parque automóvel do Hotel Savoy, por 3 anos, num nítido e aberrante "conflito de interesses". 

O mesmo fulano que, enquanto autarca, pagou 40 mil euros à Cuca Roseta para cantar (cerca de 1 hora) na Praça do Município, quase o orçamento de um festival de Jazz do Funchal para 3 dias (e 6 grupos musicais distintos). 

Nem o CR7 ganhará tanto por hora... Como diria o (tal como Marcelo) jesuíta Guterres, "é fazer as contas".

Falta saber quanto é que a Cuca Roseta cobrou para cantar "o Mundo Sabe Que" e a "Marcha do Sporting" na recepção aos justos campeões nacionais de futebol, por ocasião da recepção ao clube na Praça do Município de Lisboa... Foi, com certeza, (mais) uma adjudicação directa e teríamos uma noção comparativa do valor por minuto de actuação.

Voltando ao Funchal, será que tudo isto foi investigado pelo batalhão de agentes da Judiciária que estiveram no Funchal?

E, entretanto, que fizeram os partidos políticos da oposição a respeito desta situação até hoje? 

Sendo o PS de Cafofo alegadamente pago pelo Grupo Sousa (o Sérgio Gonçalves era, ou é, funcionário deste oligarca armado em Onassis), natural será que estas canalhices (nas sábias palavras de Pedro Ramos, que, também, por vezes, acerta...), sejam encobertas ou sobre as mesmas haja um manto de silêncio.

Mas a verdade não prescreve nem a memória se apaga.

P.S. (cruzes credo) - parabéns ao Correio da Madeira pela sua excelente capa de Facebook: ainda bem que concordam que, indubitavelmente, "o rei vai nu". 

Às tantas o fato do rei ainda foi comprado por adjudicação directa... Nem quero saber o custo do tecido... 


Nota do CM: sobre a capa, ainda não sabemos como não fomos castigados por uns falsos moralistas com políticas. Eles têm algoritmos, não cultura.

Enviado por Denúncia Anónima
Sábado, 8 de junho de 2024
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