Carta de Antunes aos vendidos:
E xiste algo de lendário nos acontecimentos recentes na Assembleia Legislativa da Madeira e uma mentira que passa por todos os grupos parlamentares sem excepção. E essa mentira chama-se o Adamastor do dinheiro dos contribuintes: quem manda nesse bicho da terra? O orçamento regional tem duas categorias de despesa, a primeira é fixa, trata-se basicamente dos salários do funcionalismo público. Intocável, supõem-se. Pode chegar o dia em que não há cacau para os salários, mas vamos fingir que esse problema é inexistente. Não é, mas vamos fingir.
O resto do orçamento, onde exclui os salários e algumas despesas fixas (como o Hospital), é gasto ao sabor do Adamastor. E este Adamastor distribui os dinheiros mais ou menos da mesma maneira: subsídios. A grande questão do Adamastor é quem come os subsídios. E digamos que todos os grupos parlamentares têm fregueses para comer desta gamela, uns mais populares, outros menos. Todo o deputado faz ponto de honra servir o seu freguês. Quem dá mais a este freguês ou a outro é a grande questão do Adamastor. Podemos discutir se o freguês é justo, honrado, honesto e sincero. Mas sabemos que todos os fregueses desta gamela têm fregueses de bom coração e grande coragem.
Os nossos deputados sabem todos o que estão a fazer: servir os seus fregueses da Gamela. Ora, quem lida com este Adamastor tem de ter muito cuidado, o bicho tem sempre fome e a gamela não dá para todos. Assim, um deputado é louvado por dar mais aos seus fregueses. E é queimado por dar menos. Vendidos? O Adamastor não se vende a ninguém. Os deputados são pagos para alimentar os seus fregueses. Todos eles. Daí que começa a ver uma grande dificuldade no horizonte: com este orçamento há menos receitas, parte por diminuição dos impostos, outra parte por a República não querer meter dinheiro nesta trapalhada.
O que vai acontecer? Haverá fregueses a perder sua mercê de ouro. E com fregueses a passar fome, Adamastor vai-se inquietar e começar a engolir os seus súbitos. É por isto que todo este episódio é um pouco engraçado, não há dinheiro para todos. Quem vai pagar por este baixo amor a dinheiro fácil que os fortes enfraquece?
Enviado por Denúncia Anónima
Sábado, 6 de julho de 2024
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