Comentários sobre a 'refundação do PS'


L i, no Correio da Madeira, um artigo, decerto bem intencionado, dum putativo socialista que apela a uma "refundação do PS" (link), cujas seitas e clãs, na Madeira, imitaram o jesuíta António Guterres e transformaram o partido num 'pântano'.

A palavra refundação tem o seu quê de perigoso, se da mesma for sugerido que sejam adoptadas as práticas de conluio, verificadas nos anos 70 e 80 do século passado, que tiveram como protagonistas Emanuel Jardim Fernandes e... Alberto João Jardim.

Uma dessas práticas documentalmente comprovadas esteve no facto (que a História não poderá branquear, nem as auto-biografias poderão polir ou maquilhar) de que, ao mesmo tempo que era líder do PS, Emanuel Jardim Fernandes era o representante do Governo Regional de Jardim na Administração da Empresa de Cervejas da Madeira.

Ou seja, este cavalheiro de manhã ia para a Empresa de Cervejas receber ordens da Quinta Vigia e à tarde estava na assembleia regional a criticar e a fazer oposição ao governo que lhe dava de sustento.

Serão raros (excepto no 'bloco central') os casos em que as nomeações políticas beneficiam pessoas de outros partidos... A não ser que, das duas uma: ou Emanuel Jardim Fernandes era uma toupeira do PSD na Rua do Surdo, ou então era um "Zeinal Bava" da PT (que pagava prémios às revistas para aparecer nas capas como gestor de topo; o CR7 da gestão... danosa), o melhor gestor da ilha - e das desertas -, uma verdadeira mais-valia (capitalista) que nenhum governo deveria deixar escapar.

O certo é que, fosse por que razão fosse, este grosseiro conflito de interesses (pelo menos do ponto de vista ético) e a ausência de defesa aos ataques de Alberto João (que conotavam o PS como o símbolo do «colonialismo de Lisboa») fizeram com que este partido jamais criasse condições para a alternância regional no que à governação diz respeito.

Por outro lado, do mesmo modo que os jornalistas instrumentalizam os jornais onde trabalham em prol de um lugar (melhor remunerado) de assessor governamental (parabéns Marsílio A_guiar um Bentley: 33 minutos depois da aprovação do programa de governo a notícia de trânsito para a secretaria das Finanças; é obra; agora ninguém fala dos duodécimos...), as famílias socialistas ('Caldeiras', 'Trindades', 'Jardins Fernandes', esta última que até tinha um secretário regional do equipamento social...) preferiram instrumentalizar o partido em prol dos seus interesses económicos (turísticos, agrícolas, imobiliários), impedindo qualquer trabalho sério visando o crescimento, com base sólida, do partido. 

Se é este tipo de refundação que é pretendido, não seria melhor a... extinção?

Essas mesmas 'famiglias' - que ainda hoje têm 'tentáculos' no Partido, desde Lisboa - sempre organizaram/orquestraram as coisas no sentido de impedir o sucesso de líderes internos que não seguissem a sua linha de orientação. Havendo algum que saísse da linha, logo aqueles que têm a projecção da comunicação social se encarregavam de minar o caminho e defraudar a esperança do eleitorado, fomentando crises internas e ataques à liderança que muitas vezes coincidiam com as vésperas de actos eleitorais.

Ainda agora já se volta a ver alguns sinais, com o "alinhado" Carlos Pereira a iniciar as hostilidades. Decerto que na segunda vaga virá o 'vaidoso', o que se acha "o mais inteligente dos inteligentes" e que aparece de braço dado com o 'cardeal' do CDS e com o 'bronco' das cervejas (o "trio maravilha" para o sistema ou o "tripé multiusos": pé de cabra, pé de chumbo e pé de merda), a lançar mais farpas que deitem por terra qualquer estratégia para os próximos actos eleitorais.

Também não ajuda ter, na liderança, um 'fofo', que na Câmara Municipal do Funchal permitiu a ampliação do mamarracho do Savoy e, ao mesmo tempo, pedia a confiança dos madeirenses.  

A não ser que sejam "flores para compor o bouquet" de mais uma acção de cosmética, tenho sérias dúvidas que pessoas dignas e com memória, da sociedade civil, voltem a cair no erro de participar em novos estados gerais. À primeira todos caem...

Não invejo a sorte dos militantes e simpatizantes socialistas madeirenses, que têm um partido refém das suas elites e ainda acreditam em ideais que não correspondem à prática política: um 'entreposto' de gestão de empregos e de promoção de políticas de miséria para que os assistencialistas e 'solidários profissionais' possam florescer.

O PS-Madeira é, afinal, a verdadeira expressão dos que abusam do Rendimento Mínimo Garantido: não cresce mais nem quer crescer. E assim continuará enquanto as bases não raciocinarem na lógica da pirâmide invertida: é a base que manda no topo e não o topo que manda na base. Haja coragem.

Até lá,  agradeça, em primeiro lugar, a Emanuel Jardim Fernandes (que até para o Parlamento Europeu foi) e às famílias acima referidas que não deixam o vosso partido crescer. E privam os madeirenses de (mais) uma possibilidade de alternativa à governação.

Já agora, quando fizerem uma segunda edição do livro que bajula o "Ti Emanuel" (será que já esgotaram a primeira?) fica a sugestão à autora para aproveitar esta 'adenda' que, gratuita e generosamente, ofereço.

Enviado por Denúncia Anónima
Sábado, 6 de julho de 2024
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