Neste dia de comemoração da nossa Região, quero apenas comentar alguns aspetos da atual situação política.
R econheço que nestes 50 anos de autonomia, muito foi feito pelo desenvolvimento da Madeira. Tivemos a capacidade de desbravar caminhos outrora inacessíveis, aproximamos as localidades, promovemos novos acessos à população, foram construídas diversas infraestruturas, nomeadamente escolas, centros de saúde, instituições sociais. Há que reconhecer temos agora facilmente acesso à luz, à água, à serviços básicos. A Madeira conseguiu sair do atraso que tinha em termos de desenvolvimento, também muito graças aos fundos comunitários. Mas também é preciso reconhecer que muito do investimento não deveria ter acontecido, muitas obras não deveriam ter sido executadas. Também temos de reconhecer que nefastamente foi criada uma dívida colossal que estamos a pagar e que continuará a ser paga pelas futuras gerações. Temos 50 anos de autonomia sob a égide de um único partido, o de sempre, o PSD. Respiramos mais liberdade??? Respeitamos mais a dita autonomia e os outros??? Creio que não. A evolução da RAM passa necessariamente por conseguirem realizar a transição de satisfação das necessidades básicas para outro nível de autonomia. O crescimento económico tão apregoado pelo governo tem de necessariamente fazer corresponder e satisfazer outros anseios, outro desenvolvimento económico e social que se materialize na real melhoria das condições de vida da população. De que serve termos bons indicadores económicos, o turismo a crescer, a construção e o imobiliário a crescerem, se isso não se reflecte positivamente na classe trabalhadora, na classe média, nos idosos e nos mais vulneráveis??
Estamos a construir uma história baseada numa falácia, numa fantasia, vivemos numa irrealidade. Não podemos continuar a assistir às assimetrias e desigualdades económicas e sociais existentes nesta terra. Tudo isto acontece pela mão do único partido que tem governado esta região. No momento atual, vejo o PSD, o CDS e os restantes apêndices, a apelarem para que haja uma estabilidade governativa, para que se chegue a consensos, a exigirem maturidade, capacidade de diálogo e de negociação. Após 48 anos, chega a ser ridículo, quando outrora nunca quiseram chegar a entendimentos, nunca ouviram os partidos da oposição, muitos foram perseguidos, ameaçados e maltratados, diria até achincalhados. Como podem agora exigir consensos, que legitimidade este PSD tem??? Nunca pensei dizer isto, mas sinto pena até da maneira como tratam as pessoas dentro do próprio partido. É ultrajante até à maneira como alguns tratam e falam do Dr. Alberto João Jardim. Não têm legitimidade nenhuma, estas últimas eleições demonstraram que o povo não quer o PSD a governar. Agora alegam que estão num processo negocial, após 48 anos de um completo autismo, de arrogância, de prepotência e hostilidade para com os partidos da oposição e para com aqueles que pensam diferente. É triste ver que o CDS tem memória curta. Invocam os superiores interesses da Região para ultrapassar a crise política criada pelo PSD, CDS e PAN. Triste ao ponto em que chegámos. Por último, quero deixar uma palavra de apreço à comunidade madeirense espalhada por esse mundo fora. É preciso coragem, resiliência, espírito de aventura e determinação para sair da ilha e ver mais além. Muito terá de mudar nesta Pérola do Atlântico para impedir a saída de pessoas para outros países. É a custa deste PSD que muitos emigraram e irão continuar a emigrar, porque não lhes são dadas condições de vida condignas. Porque fora, o esforço do trabalho é devidamente recompensado, porque fora existem outras e melhores oportunidades, existe um futuro melhor e mais próspero.
PS: Sou o/a autor/a do texto Mónica Freitas, vai dar banho ao cão!, que muita celeuma causou e só quero dizer que tenho poder de argumentação, penso pela minha própria cabeça, que não é uma ervilha e que tenho mais de dois neurónios.
Enviado por Denúncia Anónima
Segunda-feira, 1 de julho de 2024
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