D urante dias e dias as nossas serras estiveram num braseiro sem fim. Foram-se urzes, árvores e arvorezinhas, e tu nada. Lá se foram castanheiros, cerejeiras, pomares inteiros, e onde andas tu? Houve animais que ficaram para trás, que desapareceram e outros que sucumbiram, e onde estavas tu rapariga, é que nem mesmo quando o fogo ameaçava o habitat da Freira da Madeira e esta espécie protegida, apareceste.
Houve pessoas que fugiram ao fogo, pessoas que viram o lume a rondar as suas casas e houve pessoas desalojados, e tu que és pelas pessoas, onde andavas tu?
Vi o Élvio e o Cafôfo a fazerem o seu trabalho, vi o zela tacho do Castro naquele discurso de cão que ladra e não morde, mas onde diabo andavas tu?
Apreciei o Inácio, o Nascimento, e em particular o Leonel e a Célia, entre outros autarcas locais, junto das suas populações, e tu nada.
Vi a impreparação da proteção civil do Lobato e do Nunes, vi a iliteracia e o fracasso florestal do Manuel Filipe, vi um vai e vem ao Porto Santo de uns grus maldispostos, mas não te vi nem te ouvi.
Vi um melro preto a oferecer produtos de cosmética, vi a Micas a engolir sapos para aparecer ao lado das patas rapadas, vi o manhosinho o JMR a querer ser o primeiro a ser fotografado ao lado dos bombeiros nos píncaros da Madeira e a vender banha de cobra, mas não te vi na defesa da natureza e dos ideais do teu partido.
A encerrar esta página negra da Madeira vi uma manada subir ao Pico do Arieiro, para remendar o irremediável, numa aclamação de sucesso, baseada numa operação de superlativos de vanguarda para entreter analfabetos, mas não te vi na luta das causas que defendes.
Por último vi a comunicação social do continente em peso, sem o verniz da de cá e que renderam páginas e páginas e horas de emissão, com catedráticos e gente ciente a falar verdades, mas apesar de todo o mediatismo nem por uma vez te vi.
Estimada Mónica, confesso a minha preocupação contigo. Então arde 5000 hectares da tua Ilha e tu nada. É claro que é notória outra presença incólume de peso, que às tantas ainda não deve ter encerrado a sua casa de férias, mas esse não tem na evidência das suas siglas a dimensão do espectro que defendes. Tu que és pelas Pessoas, Animais e Natureza, o legado que tu queres deixar é a redução do preço dos produtos higiénicos femininos e outras baboseiradas, face a tamanha catástrofe.
Perante o drama da morte de animais, da destruição da natureza e de anos de trabalho perdido, vales tão pouco para a Madeira.
Enviado por Denúncia Anónima
Terça-feira, 27 de Agosto de 2024
Todos os elementos enviados pelo autor.
Adere ao nosso grupo do Facebook: Ocorrências CM
Segue o site do Correio da Madeira
0 Comentários
Agradecemos a sua participação. Volte sempre.