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Floresta Laurissilva. Foto: João Sousa/Wiki Commons |
30+30+30 ... + 30
T emperatura, vento e humidade relativa, quando se juntam nos 30 podem nos trazer problemas. No entanto, no meio de um turbilhão de razões, Pedro Ginjas, em entrevista na RTP Madeira, revelou que a Laurissilva perdeu 30% da sua humidade (link). Eu ponho-me a pensar que nas redes sociais já mostramos as nossas indignações e devolvem-nos ameaças e insultos, imaginem que nós sabíamos o que eles sabem e escondem para seguir avante nas "encomendas" que têm para os amigos.
Esta gente é "criminosa", sabe como isto vai mal, escondem-nos a verdade e "aldrabam" Estudos de Impacte Ambiental e interrompem PDMs, "fantástico". Caramba e ainda nos insultam quando nem argumentamos com todo fulgor que se podia. Pensar nas ameaças ainda nos enfurece mais, esta gente não presta.
Quer dizer, a razão do "descanso" de alguns é que a Laurissilva literalmente significa humidade e isso oferece resistência aos incêndios. Quando aqueles que estão lúcidos e atacam a pavimentação das Ginjas, pensam essencialmente que não se deve retalhar florestas como esta, uma relíquia, não se deve "arejar para secar". Ainda, não parei para verificar o que significa mais uma estrada da Boaventura para o Curral das Freiras (link). É para servir o AL de baixo IMI? Mas, mais do que isso, toca outra vez na Laurissilva? Portanto, em vez de gerarmos uma floresta com espécies resistentes, como cintura de segurança da Laurissilva, cada vez arde mais, cada vez querem mais estradas dentro da Laurissilva e levar o maior potencial de incêndio, o ser humano.
O que significa menos 30% de humidade na Laurissilva? (quero que os entendidos participem e todos deem a sua opinião depois nos comentários, obrigado).
Eu julgo que perda de 30% da humidade numa floresta, perder um terço da sua água, pode ter sérias consequências para o ecossistema. A floresta entra em stress e perde saúde.
Portanto, no topo das considerações tem que estar o aumento do risco de incêndios florestais na Laurissilva e já estamos calcinados na "fronteira". É evidente que a secura do material vegetal permite pegar lume e arder melhor, a Laurissilva em stress de seca torna-se mais inflamável. Mas, se é possível pegar-lhe lume, se aceita ignição, quanto mais seco ... mais intenso o incêndio. Não se pode permitir circulação de carros dentro da Laurissilva com novos caminhos. Um caminho é uma extensa clareira.
Outra questão tácita de uma Laurissilva em "seca" é haver mudanças na composição da vegetação, a própria natureza, aves e vento podem ser sementeira e arrastar espécies infestantes que se vão adaptar ao meio (já é triste ver a carqueja no Paul da Serra (link). É natural se pensar que as espécies que dependem de altos níveis de humidade serão as primeiras a rarear e a sucumbir, em contraponto, facilita a entrada de espécies mais resistentes à seca que podem começar a dominar, alterando a biodiversidade da floresta.
Se a biodiversidade diminui, os animais que dependem de vegetação específica ou de ambientes húmidos podem perder seu habitat (falta de alimentos e água), logo o número de animais da espécie começam a diminuir.
E continuamos nos "mas" e a adicionar consequências, se há alterações no ciclo hidrológico, ou seja, menor percolação de água pelo solo, o ser humano começa a ser atingido, porque o abastecimento de aquíferos (lençóis freáticos) e a diminuição da água nos ribeiros, levadas e captações serão um facto. Para beber, confecionar e banhos, para energia, para a economia através dos eventos lúdicos e claro fornecer ao turismo a sua parte.
Mas, se há redução de humidade na Laurissilva e redução de chuvas, inicia-se um ciclo de pescadinha de rabo na boca. Se baixa evapotranspiração das plantas, reduz a humidade da atmosfera e consequentemente, a formação de chuvas. As correntes Atlânticas que encontram o obstáculo das serras da Madeira podem não ser suficientes ...
Outro mas, uma floresta sem humidade reduz o coberto vegetal, consequência lógica é que o solo fica mais exposto e vulnerável à erosão. Esta, pode ter como consequência a perda de camadas superficiais do solo, que são ricas em nutrientes, comprometendo a fertilidade do solo. Em estados mais severos, a água tem menos tempo para percolar e começa a correr sobre um terreno seco provocando cheias rápidas. Sabemos como as Alterações Climáticas estão a trazer extremos para isso, sol e secura, tempestades com registos descomunais de chuva.
Sem querer, acabamos por entrar noutro assunto que bem conhecemos, os microclimas da Madeira. A perda de humidade pode alterar o microclima da floresta, afetando temperatura, vento e outras condições climáticas locais e contagiando outros microclimas nas imediações.
Chegamos a um momento em que é fácil de mostrar que a Madeira vai em sentido contrário do que se pede para o combate das Alterações Climáticas, massificamos o turismo, tornamos a ilha insustentável, nós vamos "roubar" a água de que a floresta precisa para dar ao turismo. "Desviamos a natureza". Nós estamos a produzir mais carbono (só de pensar nas rent-a-cars e subida do consumo de combustíveis fósseis) e por outro lado atentamos contra a Laurissilva que vai consumir menos carbono. Na sua escala, quando vir que o mundo falha no combate às Alterações Climáticas, conte que a Madeira está a aumentar os gases de efeito estufa na atmosfera. Venham os fact-checks e gurus do regime que quiserem!
A redução de 30% da humidade na Laurissilva é um problema relevante, para não dizer sério, que pode provocar uma queda sucessiva de peças no dominó em efeitos negativos, ameaçando a biodiversidade e sustentabilidade da mesma.
Vamos acordar, precisamos de apostar no verde, já chega da loucura de betão para cada vez mais massificação e dispersar os turistas por onde não devem andar.
Para proteger a Laurissilva precisamos de "cultivar" a população para não se deixar enganar através da ganância.
Deixo-vos outra leitura:
Enviado por Denúncia Anónima
Terça-feira, 27 de Agosto de 2024
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