Um "Gelado Auto-Sexy" by sara Madalena e o próximo Orçamento Regional


Ouvir o noticiário da Antena 1 Madeira é um exercício interessante, na medida em que tento, qual ironia invertida ao lápis azul da censura de outros tempos, escutar as palavras que NÃO SÃO ditas.

D epois de tentar estar em silêncio no que à política regional diz respeito e à alegada "trapalhada" da gestão ("anormal, incompetente e canalha") da tragédia que assolou a Madeira neste mês, a gota de água (tal como cantaria Chico Buarque de Hollanda, o tal socialista de caviar: com o coração em Cuba e um apartamento em Paris) transbordou ao ouvir a, sempre com o devido respeito à pessoa, apregoada "deputada auto-sexy" Sara Madalena, do "CDS-PPD" (não, não é gralha), anunciar a entrada na Assembleia de um projecto de decreto legislativo regional para constituir uma "Comissão de Inquérito Independente" à (in)acção(?) das autoridades nos incêndios.

Em declarações, a própria referiu que a dita Comissão seria constituída por peritos independentes da Universidade da Madeira. Ora, alto e pára o baile! Os membros de uma instituição pública são, em certa medida, funcionários públicos e, nessa qualidade, dependem dos "favores" do poder. Ai daquele que destoe da "verdade oficial". Na Madeira muito menos, ou não é verdade?

Por outro lado, não deixei (na linha da teoria auditiva invertida) de notar que não houve qualquer referência a entidades/autoridades/peritos verdadeiramente independentes a nível nacional. Se foi omitido pela reportagem peço desde já desculpa. Mas, conhecendo o que esta casa político-partidária) gasta, duvido mesmo que venham, até porque penso ter ouvido declarações de alguém da protecção civil nacional  (alguém que terá dado formação local a bombeiros e a elementos da protecção civil) a criticar a própria cadeia de comando regional (onde não terão sido colocados na mesma os mais competentes; mais um factor "c" invertido). Essa pessoa está "queimada" no que a futuras colaborações com a Região disser respeito, pelo menos enquanto esta "casta" dominar.

Nem decerto serão convidados os responsáveis pelo contingente de Canárias, para mais quando toda a equipa terá recebido ordens para estar de "bico calado" perante o cenário com que se depararam (cuja gestão terão criticado em surdina; isto são conversas que se vão sabendo). 

Recuperem, a propósito, o comentário no DN/M da passada quarta-feira pelas 17h25 a propósito de quem terá tomado a iniciativa de, por e-mail privado, mandar chamar o apoio espanhol... nem as autoridades nacionais nem regionais tiveram conhecimento prévio. Isto é um (legítimo) caso de utilização da figura de "gestão de negócios", em especial quando o gerido do negócio público (da coisa pública) mantinha-se no areal da: 

"terra amiga,
como tu não há igual..."
mais vale ver a ilha ardida
que sair do areal.

(um up-grade à música de Max)

Portanto, senhora deputada, putativamente "auto-sexy", agradeço mas, de modo veemente, recuso-me (uma vez mais) "comer gelados com a testa", tal como aquele que pretende "oferecer" aos eleitores mais distraídos ou à "carneirada" que diz amén a tudo e só não se atira do pináculo porque "o senhor presidente ainda não mandou"... (dava menos trabalho que mandarem "vassacinar-se"...)

Essa comissão "independente" faz lembrar um dos membros da comissão de peritos de saúde que, supostamente, aconselhava ("tecnicamente"...) o presidente da república a decretar, por várias vezes, o (inconstitucional) (golpe de) estado de emergência em 2019. Isto porque, tendo tido o cuidado de olhar para o respectivo currículo de grupo de "peritos", um deles tinha um doutoramento em... MIGRAÇÃO DE SARDINHAS! 

Será que a covid-19 (ou fraudevid-19) também afectou os cardumes?

(Posto isto como é que ainda querem que escreva república em maiúscula?).

Três notas finais: não conheço a pessoa de lado nenhum mas gostei de ouvir as declarações do presidente da Câmara de Santana quando referiu que, com a vinda dos helicópteros de Canárias, alguns "mitos" foram deitados abaixo no que ao combate aos incêndios diz respeito. E ele tem razão. Quantas vezes fomos "intoxicados" com declarações que diziam que não havia condições para uma intervenção eficaz de helicópteros no combate aos incêndios, devido às "especificidades orográficas e/ou climatéricas" da nossa ilha? 

A fazerem um inquérito (de preferência criminal...), então recuperem tudo o que foi dito e escrito ao longo dos anos e tenham a coragem de colocar toda essa gentalha sem nível sob a iminência de uma acusação de crime de dolo eventual (se foi a mando de algum oligarca) ou negligência (consciente ou inconsciente). Parece ser mais fácil colocar como arguido um autarca por uma queda de uma árvore do que um magote de gente pela destruição do nosso património natural mais importante e escusar-se a aferir e escrutinar "a pente fino" (não disse Pedro...) tudo o que, em décadas de "autonomia dos mesmos", foi (?) feito em termos de política florestal (seja ao nível da prevenção, seja ao nível da manutenção e preservação).

A segunda nota foi ouvir o Director Regional do Ordenamento do Território que, na mesma rádio (penso que sábado passado), disse que (mais ou menos por estas palavras) "quando as coisas correm mal o mais fácil é apontar o dedo ao Ordenamento do Território". Ora, considerando que, no parlamento, Eduardo Jesus (o SRT-ALE - Secretário Regional do Alojamento Local e Estatística, conforme as circunstâncias, designação desde já proposta para o próximo titular) afirmou que o problema não era excesso de turismo mas do ordenamento do território, há aqui (para quem quiser somar "dois menos dois") uma nítida cisão interna no governo, mesmo que inconsciente da parte daquele Director Regional. Com um microfone à frente (em especial quando se aparece pouco publicamente) não dá para ocultar tudo...

O (ainda) mais grave no ordenamento regional é que não haja nenhum arquitecto independente (não os assalariados públicos) nem a sua ordem representativa (que deveria ser a voz da maioria) a pronunciar-se publicamente sobre que tipo de ordenamento temos e, sobretudo, aquele que queremos para o futuro. Tampouco organizar conferências públicas de informação e sensibilização para patos e patinhos "bravos" e população em geral. Vocês (também) são uma vergonha!

A nota final tem a ver com um alerta a todos os eleitores madeirenses: depois das festas, dos fachos (erectos ou não, falta chegar ao Natal...), dos ralis, das cervejas, do calor, estejam (a bem de todos) muito atentos à discussão e apresentação do próximo orçamento regional. Vamos ver se há a coragem de alterar as prioridades, nomeadamente em termos de montantes afectos à construção civil e obras públicas alocando-as para urgente reflorestação da nossa Laurissilva. E que escrutine todo e qualquer tipo de despesa pública e sua justificada necessidade de realização. Tal como, por exemplo, o que se vai gastar num Gabinete de Combate à Corrupção... só faz sentido quando não houver, no bom sentido e sem malícia, "raposas a guardar os rebanhos"...

Seria útil e fundamental, em nome da transparência, que as reuniões da 1.ª Comissão Parlamentar de Política Geral e Finanças também fosse transmitida em directo, pois assim poderemos ver quem está ao lado do ambiente e das pessoas e quem continuam "atrelado" a guindastes e a "roof-tops". 

E, finalmente, que a proposta de orçamento regional fosse disponibilizada de imediado on-line assim que recebida. Ter documentos apenas dos anos anteriores, além de ser uma manifesta falta de respeito para quem vos ajuda a sustentar mensalmente, indicia medo de serem escrutinados e questionados. Mas perguntar não ofende. Evitar as perguntas é que sim.

Não queriam mais transparência e aproximar-se mais dos eleitores? Aqui têm estas sugestões. Os meus gelados podem ser (e são muito) amargos, mas são frontais, mas jamais destinados à testa de quem quer que seja.

P.S. - Quanto ao Representante da República - que mais parece viver como a Alice no País das Maravilhas - eu, como antigo jurista, licenciado em 1995 pela Clássica de Lisboa, não deixei de me sentir desconfortável com a "interpretação curiosa" (mais um "ex-nuovo" tipo interpretativo descoberto na Madeira; o que deixaria João Gonçalves Zarco satisfeito... ele que terá trazido uma carrada de criminosos que depois procriaram por cá...) a respeito do Estatuto Político Regional, nos termos da qual (interpretação) nem o Representante da república nem o Presidente desta (corporação registada nos Estados Unidos: fim definitivo da nossa apregoada soberania) têm o poder de demitir o governo regional.

Julgo que qualquer legislação deve ser interpretada de acordo com os Princípios Gerais de Direito. Um dos quais (mesmo não estando escrito "ipsis verbis" no diploma) ensina (ou ensinava) que a entidade que tem o poder de nomear mantém o correspectivo poder de destituir. 

Assegurar a unidade nacional e o regular funcionamento das instituições regionais é um poder do qual nenhum Presidente (muito menos o seu "servo" no território) se pode eximir de exercer. A entender o contrário, deixa de justificar que paguemos por mês o equivalente a 10 ordenados mínimos regionais para manter este senhor por cá. Muito menos manter a sua onerosa estrutura de apoio. 

Agradeço ao blogue "Mister do Café", a imagem que ilustrou este texto (com título próprio) e ao Correio da Madeira este exercício de (indignada) liberdade de expressão (ao abrigo da Lei Natural e não apenas do direito positivo constitucional que é inferior àquela) e de comentário às condutas de personagens públicas e não à pessoa das mesmas, que tento sempre e de boa-fé respeitar. 

Pedro Marques de Sousa

Com saudades de uma "Lambeca" (ainda que, a legítima, não registada) e, dedicado à apregoada deputada "auto-sexy", ao som daquela música dos anos 80: "I'll Never Be Maria Madalena". Que se pode dançar na piscina...

Enviado por Denúncia Anónima
Terça-feira, 27 de Agosto de 2024
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