A ssisto há alguns anos a uma luta titânica entre uma Videira e uma Wistéria, qual serpente com a sua presa. Há tempos pensei que isto parece a luta silenciosa entre o PSD Madeira e seu Governo com a população lúcida da Madeira. A Videira não tem saída com este estrangulamento, mas continua a produzir cachos. Se ela tivesse pés teria emigrado? Talvez, fazendo um pé enraizado, mas a Videira é enxertada, tem raízes num porta enxerto na terra, neste clima, neste lugar, mas há mais onde se pode frutificar, se calhar com mais terra e clima. É o medo de mudar.
Talvez o meu texto só desperte atenção ao Raimundo Quintal, numa ilha onde só a governação com betão e alcatrão é obra. Talvez por isso, a obra social que dignifica e leva as pessoas à sua emancipação seja coisa de somenos... para a larga maioria dos madeirenses. Simplificando, não sabem o que é ter dinheiro na sua algibeira ou ter o seu dinheiro na algibeira dos outros. Falta ambição. Acontece quando se paga mal apesar do sucesso assistido. Assim parece mais fácil de entenderem, mas no dia-a-dia não e colocam-se do lado das Wistérias. É hora de olhar para a foto de novo, é o troço liso que aperta a Videira.
A Videira dá uvas, a Wistéria dá cachos de flores que parecem uvas. A primeira você come, as uvas, na segunda você contempla. Se o caso é de pobreza, zele pela videira, se o caso é de fartura exiba-se com a Wistéria.
A imagem é exatamente a história da pobreza na Madeira, os que enriqueceram através dos instrumentos da Governação apertam cada vez mais, à medida que há mais comensais para satisfazer. O orçamento desbarata-se só para a máquina do poder... que mantém o poder, é avassalador, só pode produzir Wistérias. Uma vitória eleitoral é comprada "a ferros", é assim que a pequena política consegue perdurar no mais completo descrédito e corrupção, por apatia. São anos a criar mentes e a amestrar ideias.
Estou a ver até quando é que esta Videira aguenta, porque parece uma analogia ao madeirense. Será que algum dia teremos uma simbiose, toda a Madeira na corrupção e assim ninguém dá com a língua nos dentes? Já pensei em fazer Justiça pelas próprias mãos, de pegar num podão e cortar a Wistéria, mas depois penso, a Justiça vem tantas vezes à Madeira e a comunicação social do continente diz tantas verdades e eles não se tocam?! Já pensei que a Videira liberta da Wistéria poderia lhe dar um Síndrome de Estocolmo. Já pensei que vou cortar quando a Videira se mostrar insustentável e aí podo quando já não houver futuro para a Videira. É um pouco como cortar os tentáculos do polvo, quais as consequências? Muitos anos de interdependências criam laços tentaculares que dão que pensar, uma conjuntura que nunca deveria ter gerado 49 anos anos de poder porque a democracia não é assim.
Eu deveria ter podado a Videira e a Wistéria em tempo certo e não haveria cruzamento. Eu fui mau líder, governei mal o "Jardim". A mensagem para os madeirenses é... saibam atuar na hora certa e não se deixem ficar a contemplar, para contemplar ganha a Wistéria e ficam sem uvas... Até nisso tenho que dizer que a Madeira já foi chão que deu uvas, agora o terreno é de Wistérias.
Enviado por Denúncia Anónima
Domingo, 22 de Setembro de 2024
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