Preto fino


M iguel Albuquerque já era um nome que trazia alguma inquietação, mas nada se compara ao espetáculo aterrador que é ver os prédios da Socicorreia a nascer no "Dubai da Madeira." É um fenómeno tão inexplicável quanto assustador. É como se, da noite para o dia, onde antes havia um espaço verde, nascesse uma torre de luxo com vista para o mar e, claro, com aquele "toque" arquitetónico típico: zero de sensibilidade para a paisagem, cem por cento de lucro garantido.

Quem olha para aquilo, sente-se numa espécie de pesadelo urbanístico. Aqueles prédios gigantes, todos alinhados, como se fossem monumentos à corrupção bem-feita. Cada novo prédio é como um dedo levantado na direção de quem ainda acredita que o bem comum e o ambiente têm prioridade na gestão pública. Mas o mais impressionante é a velocidade com que essas estruturas surgem. É quase como se a Socicorreia tivesse um "passe mágico." Quando damos por ela, lá está mais uma torre de betão a bloquear a vista e a encher os bolsos de alguém.

O mais assustador é mesmo a sensação de impotência perante esta invasão imobiliária. É como um filme de terror em que os monstros não são criaturas míticas, mas sim edifícios de luxo a rasgar a paisagem da Madeira. A cada novo prédio que nasce, cresce também a sombra da dúvida sobre os reais interesses por trás destas obras. O que vemos é apenas um deserto de betão a tomar conta da ilha, como se o objetivo fosse transformar a Madeira num catálogo da Socicorreia.

E o que dizer do processo de aprovação destas construções? É tudo tão rápido, tão eficiente... quase parece que a burocracia só existe para os cidadãos comuns. Mas, quando é para erguer mais um arranha-céus no "Dubai da Madeira," a papelada voa! Diz-se até que, para cada prédio que sobe, há uma garrafa de champanhe aberta nos bastidores. Porque, afinal, nada diz "sucesso" como mais uma estrutura de vidro e aço a eclipsar a história e a natureza da ilha.

Miguel Albuquerque olha para estas obras como se fossem troféus de uma gestão visionária. Enquanto os madeirenses assistem, perplexos, ao nascimento deste Dubai improvável, a ilha vai-se transformando num cenário distópico, onde os interesses privados têm sempre prioridade. Uma Madeira irreconhecível, onde o dinheiro fala mais alto do que a identidade e o bem-estar da comunidade?

Sim, é assustador. Não só pela rapidez com que os prédios se erguem, mas pelo silêncio que os acompanha. Um silêncio pesado. o. É o som da corrupção a celebrar, enquanto o "Dubai da Madeira" continua a crescer, irreversível e implacável, no horizonte da ilha.

Enviado por Denúncia Anónima
Segunda-feira, 16 de Setembro de 2024
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