Ciência Política


Alguém quer ressuscitar o fenómeno?

A Universidade da Madeira decidiu dedicar não um, mas dois dias inteirinhos a discutir o partido político Chega e a sua política nacional. Sim, porque a mistura de ciência e política populista é exatamente o que se espera de uma ilha paradisíaca, certo?

Logo de início, muitos se perguntaram: será que vão mesmo discutir políticas ou apenas ensinar novas formas de "dar umas chegas" na política tradicional? Afinal, quem melhor para debater o futuro da nação do que uma universidade situada a 1.000 km do continente, num local onde o conceito de "centralidade" é discutível, tal como as propostas do próprio Chega?

O evento promete discussões profundas e académicas sobre temas tão importantes como "Porque é que o populismo combina melhor com ilhas exóticas?" ou "A ciência por trás do crescimento capilar de André Ventura: um milagre biológico ou uma jogada de marketing?"

O reitor, com toda a seriedade, terá até uma palestra especial sobre "A importância de disfarçar a política em conferências académicas: como atrair público sem ninguém perceber que vão falar de uma coisa ou outra."

Os estudantes, claro, estão empolgadíssimos com a oportunidade de ouvir palestras de especialistas, muitos dos quais conseguiram, contra todas as probabilidades, passar dois dias a discutir o partido Chega sem se perderem no labirinto da lógica circular e dos memes de redes sociais.

Entre um bolo do caco e uma espetada, surge a dúvida: este é o novo think tank de políticas insulares ou apenas uma jogada genial para animar a vida universitária na Madeira? A ciência ainda não conseguiu responder, mas talvez, ao fim dos dois dias de debate, se chegue a uma conclusão: se há lugar perfeito para se discutir as políticas delirantes de um partido populista, é mesmo numa universidade onde o oceano, o isolamento e o absurdo conspiram para criar um microcosmo de realidades alternativas.

E enquanto todos os olhos estão na ilha, um recado é deixado para a posteridade: na Madeira, a política e a ciência podem coexistir, em momentos de concursos internos dos professores.

Ou, pelo menos, podem dividir o mesmo espaço para preencher dois dias que de outra forma seriam completamente desinteressantes.

Enviado por Denúncia Anónima
Terça-feira
, 15 de Outubro de 2024
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