M iguel Albuquerque, o nosso especialista em birras políticas, já entrou em cena. Preparem-se, tragam as pipocas, que o espetáculo vai começar! Não pensam na Madeira? Não pensam no futuro? Não pensam em mim?" Claro, Miguel, claro que sim. Porque, afinal, quem é que consegue sequer imaginar o arquipélago a sobreviver sem o teu plano brilhante?
A culpa? É dos outros, claro. Agora, como qualquer criança contrariada, vamos todos fazer birra. Sim, uma birra coletiva, porque é isso que se faz quando não se tem o que se quer. Os serviços públicos? Pois, coitados, vão sofrer. A população? Bem, paciência, aprendam a viver sem isso ou aquilo. Portanto, preparem-se, que vamos todos chorar juntos. Albuquerque, com o seu jeitinho teatral, já deve estar a preparar os discursos carregados de drama. O tema? "Eu fiz tudo por vocês, mas eles... eles não me deixaram". Vamos lá, 1, 2, 3: chorem comigo!
Palmas para o Miguel, que mais uma vez faz de vítima, protagonista e realizador deste circo tragicómico.
Ah, mas claro, como é que eu me ia esquecer? No grande choradinho do orçamento, junta-se à festa um convidado especial: o senhor Bispo! Porque, afinal, uma boa birra não está completa sem um toque de moralidade divina, não é? Lá vem ele, com o tom grave e carregado, dar o seu parecer sobre a "tristeza" que é este impasse político. Afinal, como bons cristãos, devemos todos sentir pena. Mas, atenção, não é da população que se lixa – não, não! É pena do governo, que está a ser, nas palavras do alto clero, incompreendido.
Já estou a imaginar a homilia: "Meus filhos, o orçamento, tão necessário, tão justo, tão abençoado, foi rejeitado pelos infiéis da oposição. Como ousam? A Madeira merece mais! O nosso líder sofre, e nós devemos sofrer com ele!" E depois, claro, vem aquela dosezinha de culpa, como quem nos diz: "Se vocês não rezarem, a crise vai cair ainda mais sobre nós todos." Porque, pelos vistos, aprovar orçamentos agora também depende de intervenção divina.
Portanto, além do coral de violinos, agora temos também o órgão da Sé a acompanhar o drama. Palmas para o Bispo, que veio reforçar o coro da birra coletiva, com a bênção de quem acha que política e fé são uma coisa só.
Enviado por Denúncia Anónima
Terça feira, 17 de Dezembro de 2024
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