Madeira: prioridades em alta ou em chamas?

C aríssimos governantes da pérola do Atlântico, fica aqui uma dúvida que creio ser partilhada por muitos dos vossos ilustres cidadãos: este ano, vamos ter o espetáculo pirotécnico que faz até a NASA se sentir pequena, ou será que decidimos investir em algo mais... como dizer... duradouro? Tipo saúde? Só para variar.

Compreendemos, é claro, que os fogos de artifício são essenciais. Afinal, como é que alguém vai saber que estamos a entrar num novo ano sem umas boas toneladas de pólvora a iluminar o céu, a assustar as gaivotas e a deixar os peixes no mar a nadar em círculos? É tradição, e a tradição, já se sabe, nunca se questiona.

Mas, deixem-nos só propor um exercício hipotético. E se, em vez de gastar uma fortuna em fogos que duram 10 minutos (15, se formos muito ambiciosos), essa verba fosse usada para comprar medicamentos para os doentes oncológicos? Ou para acelerar as operações cirúrgicas que continuam adiadas? Ou até, quem sabe, para melhorar as condições de trabalho dos profissionais de saúde que lutam todos os dias para salvar vidas?

E há mais! Já pensaram no impacto ambiental? As explosões no céu, a poluição sonora, e os navios que ancoram em massa para o espetáculo (obrigado, combustível fóssil!) não ajudam propriamente o ecossistema marinho que tanto gostamos de promover nos folhetos turísticos. Parece que o slogan “Madeira, natureza em estado puro” sofre um bocadinho com este cenário, não acham?

Mas, claro, saúde e meio ambiente são conceitos abstratos, quase filosóficos. Já um fogo de artifício – ah, isso sim, é tangível. É um orgulho regional que dura pouco, mas é inesquecível... até à próxima consulta médica adiada.

Portanto, queremos saber: é este o ano em que a saúde e a sustentabilidade vão finalmente roubar a cena? Ou continuaremos a olhar para o céu iluminado, enquanto aqui em baixo continuamos a apagar os fogos (metafóricos) que não conseguimos controlar?

Ficamos à espera, com esperança ou tampões para os ouvidos, dependendo da vossa escolha.

Enviado por Denúncia Anónima
Segunda-feira,  2 de Dezembro de 2024
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