O desabafo de um funcionário público: o que esperar da Política Regional?


C omo funcionário público na Madeira, sinto-me compelido a expressar uma reflexão pessoal que, acredito, partilho com muitos outros na mesma situação. As recentes movimentações políticas na Assembleia Legislativa Regional deixaram-me, no mínimo, perplexo e profundamente desiludido. A grande questão que coloco é: quem realmente nos representa?

Nas últimas eleições regionais, depositei o meu voto no partido Juntos pelo Povo (JPP), acreditando que poderia ser uma força de mudança e um contraponto à liderança desgastada do PSD-Madeira. Aceitei, com serenidade, a decisão do JPP em coligar-se com o PS-Madeira após as eleições, compreendendo que, em democracia, compromissos são necessários para assegurar a governabilidade. Contudo, essa serenidade foi duramente abalada pelos acontecimentos recentes.

O recente chumbo do Orçamento Regional pela oposição foi mais do que um golpe: foi uma desilusão que magoa profundamente. Este orçamento, que continha medidas específicas para beneficiar os funcionários públicos, como a eliminação do controverso SIADAP, foi rejeitado sem que os seus méritos fossem devidamente avaliados. Para quem acreditava que os partidos da oposição poderiam ser um bastião de mudança e progresso, a realidade foi uma punhalada nas costas. É revoltante constatar que aqueles que deveriam estar do lado dos trabalhadores parecem estar mais preocupados em salvaguardar os seus interesses pessoais e partidários.

Esta oposição, eleita com a promessa de trazer mudança e responsabilidade, revelou-se uma decepção absoluta. Agem como se fossem parte do mesmo "sistema" que dizem combater, comportando-se como "vendidos" ao status quo. O seu comportamento demonstra uma falta de compromisso gritante com os cidadãos comuns, os "patas rapadas" que sustentam esta região com o seu trabalho e dedicação. A rejeição do orçamento é apenas mais uma prova de que não estão do nosso lado.

A moção de censura apresentada pelo Chega, direcionada contra o governo do PSD-Madeira liderado por Miguel Albuquerque, foi aprovada por maioria, conduzindo-nos a novas eleições regionais. Mas esta decisão, em vez de trazer esperança, deixa um gosto amargo. Em quem confiar o meu voto? Como acreditar em partidos da oposição que se mostraram tão desconectados da realidade dos trabalhadores?

As minhas expectativas para o futuro são claras. Quero partidos ou coligações que não se limitem a criticar, mas que apresentem soluções concretas e defendam os interesses dos trabalhadores. Políticos que coloquem os "patas rapadas", como eu e tantos outros, no centro das suas prioridades, com ações que demonstrem respeito e valorização por quem realmente constrói esta terra.

A Madeira precisa de mudança. Não de discursos vazios, não de promessas adiadas, mas de ações concretas que valorizem quem verdadeiramente sustenta a região. Espero que as próximas eleições tragam lideranças que nos representem com dignidade e responsabilidade. Mas confesso: o medo de sermos mais uma vez traídos é um peso que carrego.

Resta saber se os partidos estarão à altura ou se continuarão a vender-se aos jogos de poder, ignorando as esperanças e necessidades de quem realmente trabalha por esta terra.

Assinado, um dos "patas rapadas" que espera, mas também exige, mudança.

Enviado por Denúncia Anónima
Quinta feira, 19 de Dezembro de 2024
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