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É por estas que se deve ir uma vez por ano ao oculista. |
A nomeação de Pedro Calado como coordenador da campanha do PSD no Funchal, anunciada publicamente por Miguel Albuquerque, não é apenas uma questão de estratégia eleitoral. Até porque Calado tira votos. É um ativo tóxico. Trata-se de um sinal claro de que as ligações entre ambos são mais profundas e complexas do que aparentam. Afinal, estamos a falar de dois políticos cujos processos judiciais por corrupção correm em paralelo — com a diferença de que Albuquerque ainda não enfrentou avanços no seu caso devido à dupla imunidade que detém.
Pedro Calado, ex-autarca do Funchal e ex-vice-presidente do Governo Regional, é suspeito de sete crimes de corrupção passiva, estando envolvido num escândalo que também arrasta os empresários Custódio Correia (Socicorreia) e Avelino Farinha (Grupo AFA). O Tribunal da Relação voltou recentemente a impor-lhe medidas de coação, incluindo a entrega do passaporte, após críticas ao juiz de instrução que, inicialmente, não reconhecera indícios de crime. Entre as acusações, destacam-se movimentações financeiras próximas de um milhão de euros durante o seu período em funções públicas, sem que houvesse qualquer declaração de poupanças ao Tribunal Constitucional.
Foi nesse contexto que, surpreendentemente, Miguel Albuquerque apresentou Calado como coordenador da campanha no Funchal, numa reunião partidária onde o ex-autarca estava na mesa da presidência. A nomeação chocou até militantes do PSD, um deles comparando a situação a “ter o Luís Newton a liderar a campanha em Lisboa ou o Sócrates a liderar a do PS”. A surpresa aumentou quando se recordou que, dias antes, o próprio Calado tinha afirmado publicamente que não voltaria a exercer cargos políticos, públicos ou partidários. Confrontado pela imprensa, recuou: “Não é um cargo, não é uma função, foi só um gesto de simpatia de Albuquerque.
Um gesto de simpatia? Mas Calado pensa que goza com o povo? O recuo aconteceu perante o escândalo. Ou estamos perante um pacto de sobrevivência política entre dois homens cuja queda pode ser mútua? As investigações judiciais parecem apontar para uma teia de interesses partilhados, em que a permanência de um reforça a proteção do outro. A nomeação de Calado não é um acaso, mas antes um indício de que Albuquerque precisa de manter por perto quem conhece os meandros de negócios controversos e das alianças que sustentaram o poder regional durante anos. Albuquerque deve algo a Calado
Mais intrigante ainda é o silêncio do PSD-Madeira. Questionado pela imprensa, o corajoso secretário-geral Prada esquivou-se, como sempre , alegando desconhecimento e remetendo para Albuquerque. Como a imprensa regional é telecomandada, ninguém lhe questiona sobre o assunto.
A falta de transparência reforça a suspeita de que esta nomeação ultrapassa questões partidárias, revelando uma dependência mútua entre Albuquerque e Calado, cimentada por processos judiciais que avançam a ritmos diferentes apenas porque Albuquerque ainda goza de dupla imunidade.
Esta situação expõe uma fragilidade preocupante no sistema político regional. Se o PSD-Madeira quer recuperar a confiança dos eleitores, não pode continuar a fechar os olhos a estas alianças nebulosas. A transparência exige respostas claras: Calado é apenas um militante empenhado ou uma peça-chave na manutenção de um poder ameaçado por investigações judiciais? Enquanto essa resposta não chegar, a suspeita continuará a pairar, manchando não só a campanha, mas também a credibilidade de quem ainda governa a Madeira.
Enviado por Denúncia Anónima
Segunda-feira, 24 de fevereiro de 2025
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