Praia Formosa: o postal perfeito com umas reticências no fim

P raia Formosa, essa joia costeira da Madeira, onde o pôr-do-sol beija o Atlântico com ternura e a ilegalidade tira selfies à vontade, sem ninguém lhe pedir documentos. É um postal perfeito, daqueles que se mandam aos turistas, mas sem mostrar o cano de esgoto que desemboca ali mesmo ao lado da toalha.

Quatro bares não licenciados, todos ali enfiadinhos como quem não quer a coisa, a servir bebidas como se fosse a coisa mais natural do mundo. E se calhar é. Afinal, quem é que precisa de licenças quando se tem amigos no sítio certo, não é? Amigos como a nossa Coral, marca local, orgulho da Madeira, liderada pelo sempre prestável Miguel de Sousa. Um verdadeiro homem do povo, se por povo entendermos "o pessoal que assina alvarás em segredo".

Agora, façamos um exercício puramente teórico. Imaginemos, num cenário totalmente fictício, que alguém quisesse usar uma praia como esta para introduzir... vá, chamemos-lhe materiais não declarados. Como seria?

Bom, numa praia onde os bares funcionam sem qualquer regulação, é fácil manter um vaivém de carros e pessoal sem levantar sobrancelhas. Ninguém pergunta muito, ninguém quer saber. Junta-se a isso os esgotos a céu aberto, que não são propriamente discretos, mas têm a vantagem de desviar atenções. Quem está a olhar para sacos misteriosos quando está a tentar não pisar um cano?

E claro, temos o vigilante da zona, um cubano com ar de saber mais do que devia, vindo do continente, aparentemente deslocado para cá como prémio ou castigo, ninguém sabe bem. Tem aquele jeito de quem sabe fazer trocas... rápidas, discretas. Sabe quem entra, quem sai, e quem traz mochilas impermeáveis num barco inflável às quatro da manhã.

É só especulação, claro. Uma praia com quatro bares ilegais, sem fiscalização, com empregados vindos do Nepal (provavelmente sem contrato nem direitos) com esgotos à mostra e um ambiente de laissez-faire absoluto? Que ideia absurda seria pensar que algo ilícito poderia passar por ali. Não, senhor. Isso são teorias da conspiração. Porque a única coisa que entra na Praia Formosa… são os turistas. E, vá, talvez umas caixas que ninguém inspecciona. Não é verdade polícia marítima da Madeira?

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