E stá muita gente a avisar e não são comentadores descredibilizados, jornalistas duvidosos ou conhecedores suspeitos, é gente que viveu ou leu o passado para que a história não se repita. É ilógico os nossos antepassados nos entregarem a experiência para não voltar a cometer o erro e cometê-lo por convencimento próprio que não ouve nem lê. Encontrem outra maneira para o protesto, porque vai dar para o torto. Deu sempre.
A História está cheia de avisos que ignoramos por vaidade ou desespero. Quando a revolta popular se torna combustível para o extremismo, o destino nunca é liberdade ou justiça, acaba sempre em repressão, perseguição e violência. Não pense que você está-se a vingar, eles é que o estão a guiar para o descalabro. O protesto é essencial numa democracia, não vê ninguém a por em causa, mas precisa de inteligência e direção. Quando a indignação legítima mas se transforma num voto de protesto inconsciente, abrimos a porta àqueles que prometem ordem com punho de ferro… que depois cobram com a destruição da democracia. Lembre-se, ou conheça a expressão "a democracia é o pior dos regimes, à excepção de todos os outros", Winston Churchill. Interprete bem, é a forma negativa de dizer que é o melhor, apesar dos defeitos, porque os outros têm muitos mais e as pessoas não acabam felizes.
A extrema-direita não é um fenómeno novo, provoca divisões com temas fracturantes para ganhar. Já a vimos instalar-se com discursos de limpeza, autoridade e pátria, de Mussolini a Hitler, de Franco a Salazar. Em todos estes casos, o povo não caiu numa armadilha armada às escondidas: votou neles, por desilusão com os partidos do sistema. Também achavam que “era só para mudar as coisas” e “dar uma lição ao sistema”. O resultado foi sempre o mesmo: desaparecimento da imprensa livre, sindicatos esmagados, opositores presos, minorias perseguidas, guerra. Foi esse o “protesto” que durou décadas e custou milhões de vidas.
Hoje, esses partidos aparecem de gravata, voz potente e sorriso fácil, mas a lógica é a mesma: criar inimigos internos, prometer soluções simples, corroer as instituições democráticas. Por isso, antes de usar o voto como protesto, lembre-se do que a extrema-direita fez da última vez que o povo a elegeu para “endireitar” o país. E se ainda acham que tudo isto é exagero, perguntem à História. Ela responde também com muita potência e responde com sangue.
Ouça, leia, enquanto é tempo. E pode na mesma seguir o Jardim na paragem, o Sporting na CML, a mãe Dolores e todas as anestesia de outros na democracia que está a criar o eleitorado abstraído da extrema-direita.
- já viu o recente filme brasileiro "Ainda estou aqui" com a ascensão da extrema-direita? É o que se segue.
- Já contou quantos partidos extremistas de direita temos em Portugal?
- Os partidos tradicionais ainda não aprenderam a arrepiar caminho?
- Numa noite onde o Chega recusou ser de extrema direita (Pedro Frazão), leia os parabéns: link
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