A Madeira acertou com obras e camas, com a malta a emigrar porque isto não tem saídas profissionais, há décadas com o mesmo modelo económico? Com os empregos que compensam para as famílias como as do Melim? Se não fosses Presidente da JSD, para agarrar uma reforma com tantos mandatos, quem serias agora? Com o PSD-M a ganhar e os jornalistas com tachinhos para a família como é que vou falar verdade? Mas não vai ficar por dizer!
É fácil para a JSD-Madeira apontar o dedo ao "país" e dizer que "falhou com a juventude" quando, na verdade, a Região Autónoma da Madeira tem as suas próprias falhas gritantes no que toca a oferecer perspetivas profissionais decentes aos seus jovens. Dizer que o "país" falhou é uma desculpa esfarrapada que convenientemente ignora a realidade local e a responsabilidade de quem tem governado a Madeira por décadas. A culpa é sempre de fora, a Madeira é especial, é só abrir a boca, dar cacetada para fora e receber palmas da plateia de privilegiados
A realidade dolorosa das oportunidades na Madeira é que apesar dos discursos pomposos sobre Autonomia e projetos para o futuro, não consegue reter a sua própria juventude qualificada. Vamos aos factos?
Êxodo de cérebros silencioso (mas real), quantos jovens madeirenses, depois de terminarem os seus estudos, seja na Universidade da Madeira ou no continente, se veem obrigados a fazer as malas e procurar trabalho fora da Região? Muitos! E não é por falta de vontade de ficar, é por falta de oportunidades reais e salários competitivos que lhes permitam construir uma vida digna. Os jovens não "sonham com amor à causa" se essa causa não lhes pagar as contas no fim do mês. Eles veem o custo de vida e os salários que pagam na Madeira, sabem que estão na hora de acertar na decisão com influência no resto da vida. Vão abrir empresas com os esquemas e monopólios instituídos?
O mercado de trabalho asfixiante, a economia madeirense, historicamente muito dependente do turismo e do setor público, não tem a diversidade e a pujança necessárias para absorver o talento em áreas de ponta ou mais especializadas. Isto é mais propaganda e cheap people do que outra coisa. Os empregos que existem são muitas vezes precários, mal remunerados ou com poucas perspetivas de progressão na carreira. O "amor ao cargo" que Bruno Melim critica parece ser a única saída para muitos, ironicamente. Ele não vê o circuito de privilegiados onde está? Vá gozar com a Amelinha com essa narrativa que noutro lugar com outra gente metiam-no na ordem.
O que foi que a JSD-Madeira fez para haver mais do que obras por Fazer e camas por fazer? Insurge-se contra o PSD ou ficam calados para não perder o tacho e serem iguais aos outros? Porque razão há falta sempre do mesmo tipo de mão de obra? Por que razão, após tantos anos de governação PSD na Região, esses problemas persistem? É fácil falar em "projeto com a Madeira" quando as "obras" que realmente importam para o futuro profissional dos jovens, a diversificação económica, o investimento em inovação e a criação de um mercado de trabalho dinâmico, continuam a passos de caracol ou simplesmente não acontecem.
Salários de Miséria! Comparativamente ao continente, os salários na Madeira para muitas profissões são manifestamente inferiores, mesmo considerando o custo de vida. Um jovem madeirense tem de trabalhar muito mais para ter o mesmo poder de compra que um colega no continente. É esta a "emancipação" que a JSD-Madeira defende? Em que mundo anda? Só na ilha da propaganda do PSD na comunicação social?
Quando Bruno Melim afirma que "o país falhou para com a juventude", esquece-se que muitas das falhas sentidas na Madeira são agravadas por políticas regionais e por uma visão de futuro limitada. O continente, com todos os seus problemas, oferece uma maior diversidade de setores, um mercado de trabalho mais amplo e, para muitos jovens, melhores oportunidades de carreira e progressão salarial, que hipocrisia discursiva. Quantos filhos do próprio partido ficam no continente, porque não querem estar sob as patas de ninguém nem amarrados aos humores da política... para além da falta de saídas profissionais!
Vamos acabar o fingimento constante!
Celebrar o "Dia do Parlamento Jovem" é bonito para as fotos, mas não paga a renda, nem enche o frigorífico, nem oferece um emprego estável e bem remunerado. A "classe política com amor à causa e não com amor ao cargo" é um ideal, mas o legado na Madeira, para muitos jovens, é o de serem forçados a procurar esse "amor à causa" e esse "cargo" noutro lado.
É fácil atirar a culpa para "o país", mas a verdade é que a Madeira, com a sua Autonomia e os seus próprios governantes, tem uma responsabilidade direta e inequívoca no aproveitamento (ou na falta dele) da sua própria juventude. Parece que, para a JSD-Madeira, a única coisa que está "por fazer" é um bom exame de consciência sobre as reais condições que oferecem aos seus jovens. Afinal, não há "braço armado do partido" que resista a uma conta bancária vazia e a um futuro incerto na sua própria terra.
Auditório da Casa da Luz, vão pagar alguma coisa? Uma vida regalada a falar de cór mas na narrativa do "estado de graça".
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