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Bruno Pereira é o patinho feio? Albuquerque, mestre em desadequar quadros. |
R ecentemente, tivemos uma surpresa no mínimo… criativa, eleger um pediatra como presidente de uma câmara municipal mergulhada até ao pescoço em indícios de corrupção. Sim, leu bem, um pediatra. Um médico de bebés. Agora, alguém explique onde é que se aprende sobre concursos públicos, ajustes diretos e urbanismo desonesto entre consultas com ranho, vacinas e fraldas.
Vamos fazer um pequeno exercício de comparação, só para clarificar o génio por trás desta jogada:
Ser Pediatra:
- Diagnosticar doenças em bebés que não falam.
- Ouvir berros durante horas sem enlouquecer.
- Convencer uma criança de 3 anos a abrir a boca para ver a garganta.
- Decorar nomes de vírus com mais consoantes do que uma senha de Wi-Fi.
- Ser Presidente de Câmara (especialmente uma com cheiro a corrupção)
- Negociar com empreiteiros de t-shirt justa e currículo duvidoso.
- Fingir que não viu aquele e-mail sobre o contrato milionário com a empresa do primo.
- Saber distinguir entre “interesse público” e “interesse do meu cunhado”.
- Dominar a arte da inauguração de rotundas e selfies com velhinhas.
Agora diga-me, onde é que estas duas profissões se cruzam? Talvez na parte de lidar com birras… só que, neste caso, as birras vêm de vereadores e não de crianças. E ao contrário dos miúdos, os políticos não melhoram com uma sesta e um iogurte.
É claro que alguém vai dizer “Mas é um homem honesto, trabalha com crianças!” Sim, claro, porque como todos sabemos, a honestidade vem no estetoscópio. Aliás, se for por aí, a próxima ministra das Finanças devia ser uma cabeleireira, afinal, também sabe fazer contas e ouvir queixas durante horas.
Mas entre as piadas, há um problema sério a considerar. Gerir uma câmara municipal é gerir milhões de euros, contratos públicos, equipas técnicas, decisões legais complexas e interesses comunitários diversos. Um pediatra, por mais competente na sua área, não tem necessariamente preparação para enfrentar esse tipo de maquinaria política e burocrática. Pior ainda, colocar alguém inexperiente num ambiente já contaminado por suspeitas de corrupção não é inocente – é um convite aberto para que os verdadeiros jogos de poder se façam nos bastidores, enquanto o “presidente” sorri para a fotografia. A ingenuidade política não é virtude quando o que está em causa é o bem comum.
É uma ironia suprema, colocar um médico de crianças a tratar de uma câmara doente de corrupção… alguém vai sair de lá a gritar.
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