A dieta da orgânica e o fim da pobreza


«Rich versus poor», do peruano Julio Carrión Cueva (24.08.2012)

Ler bem para se deixarem de ser difamadores e caluniadores!

L embram-se daquela história da senhora dos echarpes que não cabia no tachinho? Pois é, na Madeira, em vez de porem a senhora a fazer dieta, decidiram mudar a… orgânica! Foi assim tipo um xaile. E não é que, por milagre ou por arte da reestruturação, ela coube na perfeição, sem perder um grama de xaile ou de dignidade? Maravilha! Mas foi-se...

E por falar em maravilhas, temos a nossa querida Paula Margarido, que, com a sua visão otimista, declarou em alto e bom som que não há pobres na Madeira. Olhem, se esta não é a receita para o sucesso político, eu não sei qual é! Dizem as más-línguas, ou talvez as boas, quem sabe, que foi com esta pérola que ela garantiu o seu lugar de secretária. Afinal, quem precisa de combater a pobreza quando ela simplesmente não existe?

Mas a cereja no bolo vem do nosso incansável Miguel Albuquerque. Ele, com a sua perspicácia habitual, não se contenta em apenas ter secretárias que veem o mundo em cor-de-rosa (ainda não é laranja?). Não, ele quer ir mais longe! Quer alterar os critérios que determinam os resultados dos estudos sobre o risco de pobreza. Vai Albuquerque vai cobri-la, a Margarido. É uma lógica impecável: se os números não batem certo com a realidade que queremos, mudamos os números! Genial, não é? Adeus, "risco de pobreza", olá, "realidade alternativa"! Tudo rico como as estatísticas da Madeira. Aí de ti que reclames ser pobre, levas umas taponas e nunca serás elegível para um apoio. Que bom ficar mais dinheiro para obras.

A partir de agora, qualquer um que ouse questionar esta nova ordem, qualquer voz dissonante que insista em ver a pobreza à moda antiga, será automaticamente catalogado como espalhador de calúnia, difamação e, claro, fake news. Porque, como o próprio Albuquerque sabiamente sugeriu, o que realmente conta é que todos nós nos informemos através dos órgãos credíveis de comunicação social da Madeira. Aqueles que, obviamente, veem a ilha através dos mesmos óculos cor-de-rosa. (raios e porque não laranja?) de Albuquerque.

Estou expectante para ver os jornalistas de formação seminarista enrolar isto como a boa e sensível Margarido. Há agenda para cumprir.

Portanto, meus caros, respirem fundo, relaxem e desfrutem da Madeira, onde a realidade é uma questão de perspetiva, a pobreza é uma miragem e as orgânicas têm poder de emagrecimento instantâneo. E se virem alguém a passar dificuldades, é calúnia! Somos todos Visto Gold.

A pobreza é uma prisão.

«Prison of Hunger», do jordano Osama Haijaj (05.02.2019)

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