D iz-se que em política há alianças, cumplicidades… e depois há Guilherme Silva, a verdadeira ponte — ou melhor, a verdadeira autoestrada, entre o misterioso arquipélago fiscal da Madeira e o continente, onde o bom velho Marques Mendes continua a ditar sentenças como um monge iluminado da SIC.
Mas quem é este Guilherme Silva? É só um ex-deputado, advogado ilustre, e, cereja no topo do bolo fiscal, mandatário político de Marques Mendes, o Yoda dos comentários políticos. Só que ao contrário de Yoda, Guilherme cobra pareceres a 1.700 euros cada. Sim, isso mesmo: mil e setecentos euros por umas páginas que, segundo se diz, brilham mais do que a fatura da EDP na Madeira. Um parecer de Guilherme Silva tem mais valor no mundo jurídico do que um pastel de nata em Paris: caro, pequeno, mas aparentemente irresistível.
Mas o melhor é que, enquanto Mendes condena com ar moralista tudo o que se mexe fora do eixo Cascais – RTP – Fundação Champalimaud, lá está ele — dizem os rumores — com uns quantos negócios bem colocadinhos na Zona Franca da Madeira. Zona Franca? Pois, livre de impostos e cheia de oportunidades... para quem tem amigos com pareceres bem pagos e contactos no arquipélago.
E quem faz a ponte entre o polvo da Madeira e o polvinho do continente? Quem mais, senão o quase demencial Guilherme Silva, que, com a energia de um comboio desgovernado e o charme de um notário em êxtase, se apresenta como o elo mágico entre os negócios que ninguém vê e os pareceres que ninguém entende, mas todos pagam.
Afinal, em tempos de crise, é bom ver que há quem mantenha a criatividade fiscal viva e bem nutrida. E com tanto talento jurídico, talvez o próximo parecer de 1.700 euros traga uma receita para baixar finalmente o IVA na Madeira, não Gui?
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