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Amplie, o dicionário brasileiro. |
(O secretário da cultura que vez saltar o momento dos livros)
N o meio de uma discussão no Parlamento da Madeira, o senhor Jesus (que ironicamente tem o nome de alguém que devia pregar amor e compreensão) resolveu mostrar ao país inteiro o seu dicionário pessoal de "elogios" ao referir-se a uma colega deputada como "a gaja" e, como se não bastasse, "a burra do caralho". Um verdadeiro tribuno da classe, este nosso Jesus — mais dado à crucificação verbal do que à diplomacia parlamentar.
Felizmente, temos Ricardo Araújo Pereira (RAP), o santo padroeiro do sarcasmo nacional, que, no programa cujo nome estão proibidos de dizer, decidiu pegar nisto tudo e fazer o que a madeira precisava: trazer a falta de educação de Eduardo Jesus ao debate nacional.
RAP não só expôs o episódio como o embalou com fita dourada e sarcasmo de qualidade. Com o seu humor clínico, conseguiu aquilo que muitos jornalistas não conseguiram — meter a nação inteira a falar do tema. E, no processo, lembrar-nos que chamar “gaja” ou “burra do caralho” a uma mulher, ainda por cima colega de profissão, não é “linguagem espontânea”, “calor do debate”, ou “colorido regional”. É mesmo falta de educação.
O mais curioso é que Eduardo Jesus não pediu desculpa. Ou melhor, pediu, mas só pela parte em que foi apanhado. Que é como pedir desculpa não por ter insultado, mas por ter havido gente com ouvidos na sala. Já RAP, sem usar uma única palavra ofensiva, pôs o dedo na ferida e ainda nos fez rir da tragédia — que é o verdadeiro talento dos grandes humoristas.
Portanto, se Jesus desceu à Terra para ensinar a paciência, Eduardo Jesus parece ter vindo ensinar o contrário. E graças a Ricardo Araújo Pereira, este episódio deixou de ser um momento vergonhoso esquecido numa assembleia insular para se tornar numa lição nacional sobre respeito, representação e um bocadinho de vergonha na cara.
Cristina Pedra, vereadora das Finanças. Especialista em contas públicas e privadas, gosta mais de folhas de Excel do que de folhas de papel higiénico nas casas de banho públicas – que continuam escassas.
João Rodrigues, que detém os pelouros do urbanismo. Um homem que raramente se encontram no mesmo planeta.
Margarida Pocinho, responsável pela Educação, Saúde e Habitação. Tem no currículo palavras como “resiliência”, “estratégia” e “psicologia”, mas o povo continua à espera de respostas mais tangíveis: casas, consultas, escolas com menos humidade que uma gruta.
Um verdadeiro conselho executivo em versão tropical, onde a decisão é muitas vezes mais opaca do que o vidro fosco das janelas do gabinete.
Epílogo – E Agora, Patrão? Vai Continuar a Renovar o Contrato?
Com as eleições autárquicas ao virar da esquina, os verdadeiros patrões – os eleitores – serão chamados a decidir: querem manter estes empregados ou abrir concurso público para novas caras? A julgar pelo desempenho, há quem esteja há anos a prometer o mundo e a entregar uma rotunda mal iluminada.
Sim, os empregados do povo são pagos com o suor do povo. Mas muitos parecem ter desenvolvido alergia ao contacto com o mesmo. São vistos apenas em inaugurações, conferências de imprensa, e, claro, na sacrossanta campanha eleitoral – altura em que voltam a descer do pedestal para abraçar bebés e ouvir as queixas... que vão esquecer mal fechem as urnas.
No fundo, talvez esteja na hora de fazer um balanço com perguntas difíceis, como:
Onde estão os resultados?
Porque é que as promessas evaporaram?
E já agora: sabem mesmo quem são os vossos patrões?
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