O futebol de formação deveria ser, acima de tudo, um espaço de aprendizagem, respeito e crescimento — dentro e fora das quatro linhas. Infelizmente, nem todos os clubes seguem esta premissa. O Clube Futebol Andorinha, outrora reconhecido pelo seu papel na formação desportiva e humana de jovens atletas, tem vindo a perder esse estatuto, tornando-se exemplo de tudo o que não se deve promover no desporto juvenil.
Anteriormente coordenado por M. P., um indivíduo cuja postura arrogante e prepotente contrasta com os princípios de ética e pedagogia exigidos num cargo desta natureza, o clube tem dado sinais preocupantes. O comportamento agressivo, verbalmente abusivo e, por vezes, até alcoolizado deste responsável, como se verificou recentemente num torneio em São Vicente, mancha a imagem da instituição e transmite um sinal claro aos jovens: desde que se jogue bem, tudo o resto é irrelevante.
Palavrões dirigidos a adversários e árbitros, desprezo pelas regras básicas de convivência e desrespeito sistemático pelas emoções e fragilidades próprias da idade têm contribuído para um ambiente tóxico. Não é de estranhar que, nesta época, em alguns escalões, sobretudo no SUB 12, vários jogadores tenham optado por desistir. A mensagem passada é simples e desastrosa: o futebol não é para “mariquinhas”, como alguns têm dito com desdém, ignorando que o verdadeiro atleta é aquele que sabe competir com coragem, mas também com empatia, humildade e respeito.
Mais grave ainda, há relatos de um treinador – C. T. dos SUB 12 - que rebaixa sistematicamente os miúdos com comentários humilhantes, comprometendo a autoestima e o desenvolvimento emocional das crianças. Este mesmo treinador tem sido alvo de críticas por alegado assédio a mães de atletas, comportamento inaceitável que, escandalosamente, é tolerado — ou mesmo encoberto — por M. e Presidente D. S., que permanecem em silêncio, alimentando um ambiente de impunidade e permissividade.
Como se tudo isto não bastasse, os pais que têm a coragem de denunciar estes abusos acabam, frequentemente, por ver os seus filhos castigados dentro de campo: são colocados no banco sem justificação, ignorados nos treinos ou até afastados das convocatórias. Uma forma cobarde de retaliação que fere ainda mais os princípios de justiça e respeito que deveriam reger o desporto juvenil.
Quando a pedagogia dá lugar ao desleixo e a formação é substituída pela competição a qualquer custo, não só se perde o verdadeiro espírito do desporto, como se condena uma geração de jovens a crescer sem referências positivas. É urgente que se repense o rumo de clubes como o Andorinha — e que se exija responsabilidade a quem lidera projetos de formação. O talento pode ganhar jogos, mas são os valores que formam campeões de verdade.
