N a próxima terça-feira, o Presidente do Governo Regional vai reunir-se com o Primeiro-Ministro. Tema central: resolver os tais assuntos pendentes que ficaram no ar depois da espetacular queda do governo, uma queda que, sejamos francos, foi mais previsível do que a chuva no inverno madeirense.
No cardápio desta reunião de mentes brilhantes está, claro, a terceira fase do novo hospital da Madeira, ou, como já é conhecido entre os locais: "o Hospital da Enganação" ou "a Mina de Ouro sem Fim".
Estamos a falar de uma obra que já vai na terceira fase sem ter terminado a primeira com jeito. Porque aqui não se constrói hospital, aqui constroem-se oportunidades: oportunidades de contratos, de avenças, de adjudicações por ajuste direto (palavra mágica), e de fazer desaparecer dinheiro público mais rápido do que um caco de bolo de mel na noite de Natal.
E não vamos ser hipócritas, quando se fala de grandes obras públicas na Madeira, o cheiro não é só de cimento fresco, é de corrupção disfarçada com verniz institucional. Aqui, cada tijolo colocado parece vir com IVA, taxa de favorecimento, comissão de bastidores e, claro, um “engano” nas contas que depois se resolve com mais milhões saídos do bolso do contribuinte. É um fenómeno quase artístico.
A saúde da população? Pfff. Prioridade zero. O importante é garantir que os amigos do costume continuam a ter obras para facturar, desculpas para adiar e palcos para anunciar “avanços históricos” que nunca saem da fotografia da primeira pedra.
Na prática, a Madeira continua com um hospital onde as doenças avançam mais depressa do que as gruas, e onde se cura mais depressa uma “dor de bolso” do que um cancro.
Mas calma, porque terça-feira há reunião. E como já sabemos, depois da reunião virá o comunicado. E depois do comunicado virá a conferência de imprensa. E depois da conferência virá... nada.
Só mais uns milhões, mais umas palmadinhas nas costas, e o mesmo hospital fantasma que serve para tudo: para prometer, para adiar e para roubar.
Madeira, terra de paisagens deslumbrantes, espetadas deliciosas e... obras inacabadas com sabor a corrupção crónica.
0 Comentários
Agradecemos a sua participação. Volte sempre.