Vírus "Pimbolândia"


Cultura Kitsch

É preciso elevar a população pela cultura.
Menos quantidade, mais qualidade.
E o "Povo Superior" ?

T odos, todos, todos sem exceção. Artistas, grupos de todos os géneros, mas a maioria de gosto duvidoso, à escolha dos presidentes de câmara. Pagos com o erário público, a peso de ouro ou melhor dizendo, euros! Garantida a casa cheia, junto ao palco, serve o propósito para garantir votos presentes ou futuros aos partidos.

Estejam eles no Porto Moniz, Ribeira Brava, Câmara de Lobos, Machico, Porto Santo ou Santa Cruz, o cartaz tem de ser em Grande! Os que cá vêm atuar, já andam a percorrer a «Estação das Festas» do continente, desde maio.

Que melhor altura para fazer umas férias, uma pausa, com tudo pago, à conta dos municípios da Madeira - essa ilha paraíso, da espetada e da poncha. Isto entusiasma qualquer cantor, músico, artista e sobretudo os empresários, os de lá (representantes dos grupos) e os de cá (empresas de som e luz, intermediários e outros ‘’artistas’’ geralmente do partido da câmara municipal do sítio onde vai haver festa).

Os Cachets praticados são extremamente altos. Impensáveis e sem retorno. Absolutamente incomportáveis para os orçamentos públicos.

Fazem-nos crer que tais preços, se devem ao facto de estarmos em plena época de Verão. Como tal, fica mais caro contratar os grupos no continente, pela sua fama, mas também por estarem ocupados em digressão. Tudo falso! Os contratos são selados em janeiro, mas o preço não baixa.

As condições no continente: O grupo contratado vai ter aos locais onde irá atuar. Geralmente em carrinhas de 9 lugares ou os seus próprios carros. Chega, faz teste de som, não vai para muito longe dali, tem atrás do palco uns snacks e chegada a hora, sobe ao palco e atua. Findo o espetáculo mete-se à estrada a caminho das grandes cidades (a casa de cada um). Vão parando nas estações de serviço com restaurante (autoestradas) abertas durante a noite, para comerem alguma coisa. Abrunhosa, Xutos, Mariza, Delfins, Pólo Norte, todos. Vida de artista! Ponto.

As condições escritas e verbais na Madeira: Viagem na TAP. Não viajam em low cost. Viagem em horário nobre da TAP (10H até às 17H). Hotel de 4 estrelas com todas as refeições. Transporte do aeroporto/hotel/local de atuação/hotel/aeroporto. É solicitado um dia mais para conhecer a Madeira. O dinheiro já foi depositado, antes do embarque a partir de Lisboa.

O que é que eles falam entre si? Que a Madeira paga tudo o que se pede, que não falta dinheiro, que é tudo à grande. Até ficam admirados que duas pequenas vilas Câmara de Lobos e Ribeira Brava, perto uma da outra, tenham dois cartazes nacionais, nas mesmas noites! É porque há dinheiro ou então, falta de inspeção às contas públicas.

Os grupos e artistas de lá, ficam admirados com as primeiras partes dos seus espetáculos realizadas por músicos e artistas de cá. Sim senhor! Bom nível, bons artistas!

Porém, os promotores regionais não gostam de misturas atrás dos palcos. Há que manter os artistas nacionais resguardados. Atuar e partir. Nada de conversas com os músicos e artistas de cá. Quando por vezes isso acontece, é aí que se descobre afinal que ‘’os de cá’’ vão receber pouco e só quando a câmara municipal lhes quiser pagar.

Podia agora falar de cultura, sustentabilidade musical e artística, dos cursos de música e dos artistas madeirenses. E do que poderia ser feito, mas não vale a pena. A Animação e o Entretenimento na Madeira são mais fortes e rimam com: Tablets e Telemóveis para as crianças na escola pública. O que para todos os efeitos é a mesma coisa. É esta a cultura. Uma animação para todas as idades.

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