Camacha, puro e duro.

(Começar a ler do fim para o início)

S ão só calúnias neste post, a Camacha respira saúde, turismo e excelente qualidade de vida. Deixem de usar a política do bota a baixo para denegrir uma freguesia com uma excelente reputação a nível habitacional como a nível cultural! A mais segura da Madeira! A Camacha não precisa de esmolas de ninguém, não precisa do apoio de ninguém, porque somos um povo unido e cheio de força e vontade para manter assim a nossa vila! Juntos criamos segurança, eventos culturais e dinamizamos a freguesia sem precisarmos de andar a mendigar a este ou aquele, por um apoio para isto ou apoio para aquilo. Do passado vivem os museus, viva a Camacha nova, à Camacha nova e moderna, onde só importa lembrar a cultura de um povo durante a semana do Art Camacha. O resto do ano vamos para o Funchal trabalhar e a Camacha serve apenas para isso, para vir a casa dormir, beber poncha e cidra e fica a caminho do Poiso. Uma mentira dita muitas vezes torna se verdade.

Fica aqui um texto que não se enquadra em nada do que se passa na Camacha, chamaram ao anónimo que partilhou o seguinte texto num grupo de OCORRÊNCIAS NA CAMACHA de tudo, até de que este estava minado pelo CHEGA por apenas falar a verdade, quando apenas se trata de um cidadão e eleitor, preocupado com o que vai restar da freguesia para o futuro dos seus netos. Mas aqui estou eu a repartir a mentira que querem nos impingir. Infelizmente por represálias mesmo sendo anónimo, este decidiu retirar o texto porque era muito nu e cru para a realidade da Camacha.

Aqui fica o texto e as provas em fotos de que a Camacha afinal não está tão bem quanto dizem.



"A Camacha, encravada nos socalcos húmidos do concelho de Santa Cruz, é um lugar onde a paisagem engana. Verdejante, bucólica aos olhos do turista que sobe a serra para comer bolo do caco e tirar fotos aos cestos de vime, mas já nem isso existe. Mas quem vive cá, quem cresce nas suas veredas frias, sabe: o paraíso tem fendas.

Nas ruas estreitas,nas veredas da freguesia, as casas alinham-se em silêncio, muitas com janelas fechadas há anos. Dentro, velhos abandonados, esquecidos pelos filhos emigrados, pela junta que promete, pelo Estado que não chega. Há quem viva com reformas miseráveis, racionando os medicamentos porque o supermercado mais próximo fica a quilómetros e a centenas de degraus da estrada principal, e o autocarro passa quando calha e é se passar.

Os miúdos, esses crescem entre becos e nadas. Muitos já nascem derrotados. Alguns adolescentes já fumam haxixe junto às levadas, outros viciam se no "bloom", outros atiram-se à internet como se fosse salvação — mas só encontram comparações e frustração. Faltam projetos, faltam apoios, falta visão. Quando há dinheiro, há amiguismo. Quando há talento, não há palco.

A freguesia tornou-se um teatro de promessas ocas. Nas campanhas eleitorais, desfilam políticos com discursos plastificados, sorrindo para fotografias enquanto apertam mãos que nunca voltarão a ver. Depois das eleições, voltam ao silêncio. E a Camacha, esquecida como sempre, continua a definhar — não por falta de alma, mas por abandono sistemático, mato cresce até onde é só betão

As instituições, quando existem, funcionam como se fosse favor atender. Os serviços sociais são lentos, burocráticos, distantes. A saúde mental é tabu — quem sofre cala-se, quem chora fá-lo em segredo. O alcoolismo esconde-se atrás de muros altos e portas entreabertas, e muitas vezes até pelas esquinas do bairro social aí existente. E a violência doméstica é, muitas vezes, abafada por vizinhos que preferem não se meter.

Há talento na Camacha, há gente boa, trabalhadora, resiliente. Mas muitos já só respiram, já não vivem. Os jovens sonham fugir, os velhos esperam que o tempo os leve. A freguesia que outrora foi orgulho cultural da Madeira, agora é, em muitos cantos, uma ferida aberta que ninguém quer olhar de frente.

Este é o retrato que não aparece nos postais nem nos vídeos de promoção turística. É o lado cru da Camacha — onde a beleza natural contrasta com a negligência humana, onde perde uma identidade de um povo, e deixou uma arte extinta. Onde o silêncio das árvores cobre o grito abafado de quem ficou para trás. A Camacha parou no tempo, o café relógio, que era ponto de visita para passeios domingais, cheia de risos e vozes de famílias contentes, agora trata se de mais um prédio devoluto à espera que o tempo o derrube e as suas memórias deixadas em muitas famílias madeirenses se dissipem.

A outrora freguesia do vime, e ponto de passagem obrigatório quer nas rotinas madeirenses quer como marco cultural ficou reduzida a betão e meia dúzia de pessoas que ainda por lá resistem ou porque já não têm idade para abandonarem o que lhes levou parte da vida a construir."


Nota do MO: autor, autores, usem o nosso site, ele não nasceu de um acaso mas de muita observação, os assédios na rede é para atemorizar e não haver opinião pública e, quando surge, sentimos muitas vezes na plataforma, acham que só existe vida e opinião no círculo da política.