Madeira, terra de ninguém.


Estaciona onde quiser, constrói como puder, porque ninguém manda nisto.

E ali está mais uma bela obra-prima do “planeamento” urbano madeirense: junto ao hotel da Praia Formosa, mesmo encostado à doca do Cavacas, aquele espaço continua alegremente ocupado, transformado em parque de estacionamento improvisado, sem licença, sem controlo, sem vergonha.

Um dia apareceu um tractor, daqueles que surgem do nada, como se fossem enviados de algum "departamento do faz-de-conta", terraplanou o chão à vontade do freguês, e pronto! Nasceu mais uma “infraestrutura” madeirense: o estacionamento pirata com vista para o Atlântico. Tudo feito com a maior das latas, sem dar cavaco a ninguém, nem à Câmara, nem à Junta, nem sequer ao bom senso.

Mas quem pode condenar? Esta é a nova regra de ouro da Madeira: quem quer, faz; quem tem, manda; quem ocupa, fica. E quem devia fiscalizar? Está ocupado a cortar fitas e a tirar selfies.

E aqui entra a nossa estimadíssima Presidente da Câmara do Funchal, que, entre eventos, discursos e inaugurações de ciclovias que acabam em sítio nenhum, parece incapaz de finalizar seja o que for. A cidade está a saque e a senhora Presidente assobia para o lado. Deve estar à espera que as estradas se asfaltem sozinhas, que os buracos se tapem por milagre e que os espaços públicos se autogerem.

Na Madeira atual, quem não tem casa, ocupa. Quem não tem bar, monta. Quem quer vender, vende. Ninguém pergunta nada, ninguém fiscaliza nada e, sobretudo, ninguém faz absolutamente… nada. A única coisa que se finaliza com sucesso nesta terra são almoços e jantares pagos pelos contribuintes. O resto? Está em "processo", "em estudo", "em análise". Há mais estudos do que obras. Mais comissões do que decisões.

É simples: se tens um terreno vago? Constrói! Se não tens licença? Ignora! Se te mandarem parar? Ri-te! A Madeira está transformada num faroeste onde cada um faz como quer, porque ninguém manda verdadeiramente em coisa nenhuma.

E os governantes? Dividem-se entre a indiferença, o compadrio e o desleixo. A Presidente da Câmara não manda, não lidera, não decide. Miguel Albuquerque e Eduardo Jesus sorriem para as câmaras e fingem que está tudo bem. E assim se vai poluindo, ocupando e desfigurando o que um dia foi uma ilha bonita.

Se é para continuar assim, talvez o melhor seja abrir oficialmente a temporada de ocupações: quem quiser, que plante a tenda. Quem tiver jeito, que monte o bar. E quem tiver um tractor? Que terraplane à vontade. A Madeira, terra sem lei, está aberta a todos.

Venham todos! A ilha está à venda. Ou melhor… já está vendida.

Enviar um comentário

0 Comentários