E nquanto no continente os técnicos da Agência Portuguesa do Ambiente se atrevem a percorrer 45 quilómetros em apenas nove dias a fiscalizar acessos de praias na comporta, na Madeira reina a paz, e a ordem dos privados.
Por cá, fazemos as coisas de forma diferente. Sempre fizemos. Porque onde o resto do país vê “espaço público”, nós vemos propriedade privada com vista para o Atlântico. É um conceito revolucionário, que não se aprende em Lisboa.
Cancelas? Temos. Cancelas com cadeado, guarda-sol e até com sistema de reconhecimento facial se for preciso. Porque nada diz “ilha acolhedora” como um bom obstáculo entre si e o mar. E não venham com essa conversa de “liberdade de circulação” — isso é para quem não tem uma vivenda em cima da falésia e um portão elétrico que range de orgulho.
Na Madeira, os acessos à praia não são “condicionados”. São personalizados. Quer ver o mar? Tem de conhecer o dono. E se não conhecer, azar. Vá à serra.
Enquanto no continente se escandalizam porque “os privados controlam os acessos”, nós celebramos essa iniciativa. Afinal, quem melhor para decidir quem pode entrar no mar do que quem construiu um resort de cinco estrelas em cima dele?
E as autoridades regionais? Estão muito ocupadas a garantir que nada muda.
Portanto, enquanto no continente se acenam bandeiras da legalidade e do direito ao acesso livre às praias - muito bem ministra do ambiente - nós por cá é a vergonha que se vê…
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