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Azul Liberal |
Moda, Poder e um Toque de Salomão.
M iguel Albuquerque, um nome que evoca imediatamente duas coisas: uma elegância cromaticamente ousada e umas alegações de corrupção que, por agora, são apenas isso, alegações. Mas não nos distraiamos com minudências legais; concentremo-nos no que realmente importa: o guarda-roupa do presidente do Governo Regional da Madeira.
Miguel, esse paladino do azul celeste, um homem que parece ter sido baptizado nas águas da Pantone e que, claramente, não confia em tons neutros para comunicar autoridade. Camisas vibrantes, fatos que rivalizam com o céu num dia claro de verão atlântico, e aquele lencinho de bolso estrategicamente posicionado, como quem diz: "Sim, eu posso ser investigado, mas não perco o estilo."
Há quem diga que as roupas não fazem o homem. Pois bem, nesse caso, as roupas fazem o espetáculo. E que espetáculo tem sido! A cada aparição pública, Miguel Albuquerque surge como uma espécie de Salomão da Savile Row, pronto a dividir bebés e orçamentos com igual destreza, sempre com um corte slim fit e uma paleta de cores que faria corar um catálogo da Benetton.
E o azul celeste? Não será, talvez, um apelo simbólico à transparência? Uma tentativa cromática de dizer: "Nada a esconder, vejam só como sou diáfano até na lapela"? Ou será que, no fundo, é apenas uma forma de camuflagem nas alturas da Quinta Vigia, onde o céu e os contratos públicos se confundem?
O lencinho no bolso, por sua vez, pode ter várias leituras: será uma homenagem à velha aristocracia madeirense ou apenas uma maneira prática de enxugar o suor da testa quando os jornalistas começam a fazer perguntas inconvenientes?
E convenhamos, é preciso coragem. Coragem para vestir azul bebé e ainda assim manter uma postura de macho alfa institucional. Coragem para continuar a falar em nome da "ética na política" com um fato tão imaculado como os processos que jura desconhecer.
No fundo, talvez Miguel Albuquerque esteja apenas a dar-nos uma masterclass em comunicação política contemporânea: quando não podes evitar os holofotes, veste-te para eles. E se as suspeitas apertam, solta o botão do casaco, ajeita o lencinho, sorri para as câmaras… e continua.
Porque, na política madeirense, tal como na moda, tudo é questão de saber costurar histórias da carochinha.
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