O coveiro da Universidade da Madeira



O actual reitor da Universidade da Madeira, entrará para a história não como um visionário, mas como o homem que teve nas mãos uma universidade e, com notável apatia, a viu definhar até às portas do encerramento. Três anos: foi o prazo que lhe deram pela Agência de Avaliação para o Ensino Superior (A3es) para tentar salvar uma instituição pública de ensino superior. Três anos: é o tempo que resta até à sua reforma dourada. Um homem, uma missão... e um silêncio ensurdecedor.

Transformar uma universidade numa escola profissional? Eis a proeza. Sob a sua liderança, a UMa deixou de ser uma casa de pensamento crítico e investigação académica para se tornar num laboratório de cursos de ocasião, formatados ao gosto das conveniências políticas e das modas passageiras. Em vez de defender o estatuto universitário com unhas e dentes, prefere ceder, suavemente, até a universidade se tornar irreconhecível, uma sombra de si própria, um centro de formação onde se simula ensino superior…

O Reitor não combateu a decadência, acomodou-se a ela. Faltaram ideias, coragem, visão. Em vez de lutar por financiamento, atrair talentos ou criar um plano estratégico ambicioso, preferiu a gestão da sobrevivência, aquela que se faz com cortes, silêncios, conivência e premiar os mais incompetentes. Reformar-se-á em breve, deixando para trás não um legado, mas um epitáfio: "Aqui jaz uma universidade que foi abandonada por quem deveria liderá-la."

Quando se fechar a última sala e se apagar a última luz da UMa, será o nome do Reitor que figurará, com letras tristes, na crónica do fim. Não como mártir, nem como herói, mas como cúmplice de uma morte lenta, anunciada, e tragicamente evitável.

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