O homem que achou que a Madeira era imune à burrice digital


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Jorge Carvalho

E m pleno século XXI, com estudos a perder de vista, relatórios internacionais, evidência científica e bom senso gritado aos quatro ventos, o senhor Jorge Carvalho, essa sumidade do pensamento avulso, decidiu que, na Madeira, proibir telemóveis nas escolas “não faz sentido”. Porque, ao que parece, as leis da pedagogia, da atenção e do desenvolvimento cognitivo não se aplicam do lado de cá do Atlântico. Aqui somos todos tão especiais que, pelos vistos, conseguimos educar crianças distraídas com TikTok, e vídeos de gatos em loop.

Os dados dizem que telemóveis em sala de aula são sinónimo de pior rendimento, menor concentração, mais indisciplina, menos literacia, menos leitura, menos tudo. Mas o nosso "carvalinho", imune a estudos, pesquisas e realidade, levanta o dedinho e diz: “Não, obrigado. Aqui na Madeira preferimos a pedagogia freestyle, com telemóveis a vibrar durante a tabuada e selfies no meio das equações.”

Um homem capaz de ignorar toda a evidência empírica. E este mesmo génio da política educativa, este mestre da contra-informação pedagógica, sonha agora candidatar-se à Câmara do Funchal. Imaginem o que aí vem: talvez semáforos desnecessários porque “as pessoas deviam saber atravessar sem ajuda”, ou talvez a abolição da recolha do lixo porque “o lixo também faz parte da paisagem”.

Jorge Carvalho é o retrato perfeito do político que, perante a escolha entre o que está certo e o que dá menos trabalho, opta invariavelmente pela segunda. A Madeira merecia melhor. A educação madeirense merecia melhor. Mas, enquanto tivermos palermas em lugar de líderes, continuaremos a formar gerações de miúdos que sabem dançar no TikTok mas não conseguem escrever um parágrafo sem emojis.

E quando este prodígio decidir pôr a sua sabedoria ao serviço do Funchal, mais cedo ou mais tarde, será bloqueado pela inteligência do eleitorado.

É a velha arte de governar ao sabor da ignorância e da teimosia, não importa quantos dados lhe mostrem, quantos estudos lhe atirem à cara, Jorge Carvalho segue em frente, fiel à sua religião pessoal, a da mediocridade sem remédio.

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Documento português da Direção-Geral da Educação (DGE) sintetiza uma revisão da literatura sobre o impacto do uso de telemóveis em crianças e jovens (6-18 anos). Aborda os impactos na saúde mental, na socialização e fornece orientações práticas para a gestão saudável do uso do telemóvel no contexto escolar:


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