Quiosque Episcopal: a nova paróquia do copo


Já era tempo de adjudicar um quiosque ao Bispo, ele dedica-se tanto.

J á era tempo. O povo anda a pedir, os fiéis rezam, os empreiteiros fazem promessas e até o PSD acena com a cabeça. Com tanto empenho, tanta dedicação e tanta interferência patriótica na política regional e nos negócios de cimento e betão armado, o mínimo que se podia fazer era adjudicar ao Bispo do Funchal um quiosque de bebidas ali na Sé — com vista para as obras, claro.

Imaginemos: “Quiosque do Espírito Santo (Patrocínio PSD)”. Servia-se água benta com gás, caipirinhas com sermão e poncha com indulgência plenária. O menu teria nomes especiais:

  • “Sangria de São Bento”,
  • “Mojito do Monte”,
  • e a famosa “Margarita Imaculada” (sem álcool, mas com impacto político, boa como o milho, até dá para a Saúde).

O quiosque podia até aceitar doações em envelopes ou adjudicações diretas. Nada de novo, só uma extensão natural das práticas pastorais. Também poderia fazer um dois em um e recolher as cornetas das Igrejas que difundem a palavra do Senhor como no Islão e pô-la a bombar o rock pecador no quiosque, sempre adequava os meios, dava descanso a quem sonha com o fim de semana e fazia concorrência ao Dário.

E claro, entre uma reza e uma rodada, o Bispo podia continuar a abençoar urbanizações, lançar as primeiras pedras (e as segundas, se for preciso) e aconselhar discretamente os planos de governo. Com direito a wi-fi gratuito e confissão drive-thru, com jeito um estacionamento subterrâneo com os dinheiros dos testamentos. Converter imobiliário episcopal em tascas era seguir a nova ideia da Europa de que é preciso arriscar mais o dinheiro. Porque se é para se dedicar tanto ao crescimento económico e ao betão espiritual da região, então que seja com fatura e licença camarária.

Afinal, quem constrói pontes entre o altar e os alicerces merece, no mínimo, um quiosque. Um quiosque ao Bispo seria o início do fim, porque corações ao alto, a fé e a bebida removem o Dário em vez do bombar pecaminoso de menores.

Agora pastelarias é que não, esse é o monopólio da verdadeira primeira dama.

Pão e circo também dá para salvar a fé.

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