Vergonha e covardia: a Direção Regional da Juventude e o caso da agressão infantil


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É com profunda indignação que escrevo estas palavras, num momento em que a sociedade madeirense assiste, atónita, à lamentável atuação, ou melhor, à falta dela, da Direção Regional da Juventude face a um episódio absolutamente repugnante: a agressão de uma criança por parte de duas jovens que, não satisfeitas com a violência exercida, ainda tiveram o desplante de filmar e gozar publicamente com o sofrimento infligido.

A Direção Regional da Juventude limitou-se a expulsar as agressoras dos programas de formação jovem de verão. Expulsar? Só isso? É isto o sentido de responsabilidade e liderança que se espera de uma instituição que tem como missão educar, formar e promover valores cívicos e humanos entre os jovens da nossa terra?

A covardia das jovens agressoras, que escolheram como alvo uma criança, símbolo da inocência e da vulnerabilidade, é, em si, um acto vil e miserável. Só alguém destituído de princípios, de empatia e de humanidade se presta a semelhante comportamento. Mas se possível ainda mais grave é a covardia institucional da Direção Regional da Juventude, que preferiu lavar as mãos com uma medida simbólica, tímida e inconsequente.

Se estas jovens forem menores, é verdade que a agressão não se configura como crime público em termos legais. Mas se forem maiores de idade, estamos claramente perante um crime público, e é dever das autoridades agir em conformidade. Em ambos os casos, o papel da Direção Regional da Juventude não se esgota na expulsão das participantes. Há um dever ético e social de intervir de forma pedagógica, de denunciar quando necessário, de reeducar e de deixar uma mensagem clara: este tipo de comportamento não será tolerado nem relativizado.

A covardia da Direção Regional da Juventude é, contudo, apenas uma face desta vergonha. A outra face tem um nome: Jorge Carvalho, o ainda Secretário Regional da Educação. A sua ausência de liderança, de voz e de ação perante este caso é absolutamente chocante. Como é possível que alguém à frente da educação de uma região assista a este atentado aos valores mais básicos da convivência humana e nada diga, nada faça, nada proponha? O silêncio é cúmplice. E a omissão é vergonhosa.

Não podemos calar-nos. Não podemos aceitar que a agressão a uma criança seja tratada como um “incidente menor” resolvido com uma expulsão burocrática. Não podemos assistir à degradação moral da nossa juventude sem exigir responsabilidade a quem tem o dever de educar e formar.

A Direção Regional da Juventude e o Secretário da Educação falharam. Falharam à criança agredida. Falharam à sociedade. E sobretudo falharam à juventude que deveriam inspirar e proteger.

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