M eus amigos, o que se passou no arraial das Neves (link), em São Gonçalo, no Funchal, foi um escândalo dos grandes. Coisa de fim dos tempos. Era para ser festa de fé, música e convívio, mas acabou num comício de tasca com direito a insultos, ameaças e apelos à violência.
No palco, um tarraxa chamado Tiago Freitas, que decidiu latir o arraial todo para deitar cá para fora o alambique que parecia ter fermentado dentro dele. Dizem as más-línguas que, se lhe soprassem o balão, explodia antes de acabar a contagem. E no pouco de lucidez que lhe restava, resolveu fazer da festa um palanque de ódio, a falar em pau de louro para “traidores” que são lobos em pele de cordeiro, invocou a santíssima trindade e até a convocar o PS para ajudar a correr com gente… canta Vasco!
Testemunhas não faltam. A polícia estava lá e ouviu. E mesmo assim… nada. Até surgiram por aí umas versões inventadas por quem nem lá estava, mas gosta de falar do que não viu. O que aconteceu foi claro e visto por muitos, mas parece que ninguém quer agir.
E depois, claro, veio a outra parte do espetáculo: o silêncio. Cinco, para ser exato.
- Primeiro silêncio: a Igreja. Que abre as portas e fecha os olhos. Uma festa de fé transformada em palco de insultos e ameaças, e o pároco e a diocese a fingirem que não ouviram nada.
- Segundo silêncio: o JPP. Estavam lá, foram os visados, diretamente atacados, ouviram as ameaças, mas não apresentaram queixa.
- Terceiro silêncio: o PS. Foi publicamente chamado para alinhar na “caça aos traidores” e respondeu com um silêncio cúmplice. Depois admiram-se da queda.
- Quarto silêncio: o PSD. Ouve o seu a falar grosso, não de azeite ou vinagre, mas de uma bebida que solta a língua e encurta o juízo, e acha normal. Não há afastamento nem repreensão.
- Quinto silêncio: a imprensa. Jornais e televisão que, noutros tempos, fariam disto manchete e debate aceso, agora são os coveiros da democracia, enterrando a verdade no silêncio.
Falta firmeza. Estes silêncios são cumplicidade disfarçada. E é assim que, devagarinho, chegamos à Venezuela. Tiago Freitas, o novo "bolivirtuano" Maduro, é só a amostra grátis.
Venham mais bebedeiras. Venham mais loucuras. Que durmam e comam todos na mesma cama e mesa. Merecem o povo que têm. E o povo, pelos vistos, merece os políticos que tem. Não há que tirar um: políticos fracos fazem um povo fraco.
A imprensa, deu ouvidos de mercador, mata o que resta desta espécie de democracia. A justiça e as forças de segurança? Está tudo bem, como diz a música: “Eu tou bem, tu também tá bem.”
A santa Igreja? Telhado de igreja: quando não pinga, mareja.
Querem lá saber.
Tomem para aprender.
Ass: Amelinha das causas perdidas