J á sinto o "tubarões" a disputar o espaço do Hospital Dr. Nélio Mendonça quando a prioridade dada ao turismo e campos de campos de golfe está acima das necessidades da população envelhecida, o PRR foi uma oportunidade perdida por um Governo que nem sabe o que fazer com tanto dinheiro liderado por um imbecil convencido, é cerne do dilema de desenvolvimento da Região Autónoma: a dicotomia entre a demografia real e a economia turística.
Existe uma contradição entre o novo hospital e a pressão demográfica oculta.
É um facto que o Novo Hospital Central e Universitário da Madeira (HCUM) está a ser construído com uma capacidade de internamento planeada de 607 camas (cerca de 503 para internamento geral e 79 para cuidados intensivos), enquanto o Hospital Dr. Nélio Mendonça, juntamente com o Hospital dos Marmeleiros (que é vocacionado para convalescença e cuidados continuados), soma um número superior de camas. A perceção de que o novo hospital terá "menos capacidade do que o velho" levanta um alarme legítimo. O ponto fulcral, contudo, reside na diferença entre capacidade bruta e capacidade de resposta de cuidados agudos e diferenciados. O novo hospital, sendo moderno, centraliza e otimiza serviços que estavam dispersos e em edifícios mais antigos. No entanto, o seu dimensionamento parece focar-se na população residente em declínio ou estagnada, e não no volume real de utilizadores.
A população residente da Madeira pode estar a decrescer em termos de cidadãos portugueses, mas o volume de pessoas em permanência (residentes estrangeiros, trabalhadores sazonais, e a altíssima afluência de turistas) impõe uma pressão constante e crescente sobre os serviços de urgência e internamento. Os turistas e residentes estrangeiros, que representam uma fatia crescente,150% em sete anos, são utilizadores do Serviço Regional de Saúde em caso de necessidade. Ignorar este volume flutuante e crescente ao planear as infraestruturas de saúde é um erro estratégico que pode levar rapidamente o novo hospital à rutura, replicando a sobrecarga do anterior em poucos anos. Então e o destino de Saúde que venderam em tempos? Tudo isto é propaganda e os jornalistas são uma classe desacreditada por entrar neste jogo.
Existe já uma oportunidade perdida do Hospital Dr. Nélio Mendonça. A proposta de reconverter o Hospital Dr. Nélio Mendonça num centro especializado para a população sénior, nomeadamente um grande lar de idosos ou um centro de cuidados continuados e paliativos, é uma ideia que já tem sido debatida na esfera política regional. Face ao acentuado envelhecimento demográfico da Madeira, onde o rácio de idosos por jovens está a agravar-se, o espaço do atual hospital, bem localizado e com infraestruturas prontas, representa uma oportunidade de ouro para responder à crise social e de saúde na área da geriatria.
A manutenção de uma estrutura vazia ou a sua venda, em vez da reconversão social, seria um falhanço na gestão dos recursos públicos. A necessidade de vagas em lares e de camas de retaguarda para os hospitais (as chamadas "altas problemáticas") é um problema crónico. Transformar o Nélio Mendonça num "Hub" de Cuidados para a Terceira Idade resolveria o problema das camas de cuidados agudos, ao libertar o HCUM de internamentos sociais prolongados, e, crucialmente, daria uma resposta de qualidade à população que mais contribuiu para a Região.
Mas o Governo Regional não se move pela lógica, basta ver a política de emprego de cunhas como desadequa gente e formações com a função que ocupam, ou o martelar das orgânicas para caber um inepto. Estamos na era da prioridade económica em detrimento da prioridade social. A população aceita, vimo-lo no Funchal nas recentes eleições.
Os campos de golfe versus a falta de estruturas para idosos sintetiza a crítica à orientação política da Madeira. Os campos de golfe e a aposta no turismo de luxo (como o imobiliário para estrangeiros) são reflexo de uma política económica que visa maximizar o Produto Interno Bruto (PIB) e atrair investimento externo. Esta estratégia, embora gere receitas e emprego (de baixos salários e pobreza), tende a priorizar as infraestruturas e serviços que servem o turista e o novo residente com poder de compra (como a expansão de hotéis e a promoção de atividades de lazer), em detrimento da infraestrutura social essencial para o bem-estar da população residente de longa data.
O resultado é um desequilíbrio profundo: a Madeira oferece paisagens espetaculares e campos de golfe de classe mundial, mas falha em garantir um envelhecimento digno para os seus cidadãos. Este contraste entre a exuberância turística e a precariedade social dos mais velhos é um sinal de que as prioridades de investimento não estão alinhadas com as necessidades demográficas mais urgentes, perpetuando a sensação de que o bem-estar dos visitantes é mais valorizado do que a saúde e a dignidade dos madeirenses.
Este Governo não governa para madeirenses.