A fraude neoliberal.


O s neoliberais operam, ironicamente, como os comunistas, mas num sentido inverso e perverso, retiram recursos à base para engordar o topo. Não é, como apregoam, uma nova economia; é uma redistribuição ao revés. Despojam o mais pobre e o mais fragilizado para financiar o luxo e o desafogo do mais rico.

A tão propalada «liberdade individual» neoliberal é, na verdade, uma armadilha fria e calculista, uma prisão em dívidas onde o risco é integralmente transferido para o indivíduo. E o imposto único que defendem? É o disfarce perfeito para perpetuar a iniquidade fiscal, fazendo o pobre pagar muito e o rico pagar pouco. Este é o cerne de uma fraude económica e moral que oprime as classes médias e baixas.

Existe uma correlação evidente entre o desenvolvimento de um país e a sua aposta num Estado Social forte. Esta ênfase é justificável pela procura de maior justiça social, onde a origem humilde ou desfavorável do indivíduo não determine o seu destino, promovendo assim o mérito real e a mobilidade.

O Estado Social atua como um motor de oportunidades. Ao garantir a repartição e o acesso a serviços básicos (saúde, educação, segurança social), permite que cada pessoa possa construir uma vida plena e contribuir ativamente para a sociedade, independentemente do seu ponto de partida.

Ao contrário do que o discurso neoliberal tenta fazer crer, a solidariedade social não é uma exceção, mas a regra no mundo desenvolvido. Não é só Portugal que é um Estado Social; todos os 27 Estados-Membros da União Europeia seguem o Modelo Social Europeu.

Este modelo consiste num conjunto de políticas e práticas que visam promover o bem-estar social, garantindo direitos fundamentais como: saúde universal, educação de qualidade, pensões e proteção contra o desemprego. É um pilar de civilização que assegura a coesão.

Embora todos os países da UE adiram a este modelo, a sua implementação e o nível de investimento variam. A Finlândia e a Suécia, por exemplo, são reconhecidas pelos seus sistemas sociais mais generosos e abrangentes. Outros países, como a Noruega e a Suíça, também mantêm modelos sociais robustos.

Para além do continente europeu, nações como o Canadá, a Austrália e a Nova Zelândia possuem abrangentes sistemas de bem-estar social (Welfare State).

As caraterísticas que justificam a sua classificação como Estados Sociais incluem:

  • Saúde Pública Universal: acesso a cuidados médicos garantido a todos os residentes, financiados por impostos.
  • Educação de Qualidade: forte investimento público em todos os níveis de ensino.
  • Baixa Desigualdade: altos índices de desenvolvimento humano e segurança social robusta (subsídios de desemprego, pensões, apoio familiar), funcionando como redes de segurança cruciais.

Em suma, estes países demonstram que é possível equilibrar a liberdade económica com a responsabilidade social do Estado, combatendo a ideia neoliberal de que a prosperidade só pode ser alcançada à custa da desproteção social.