Cafôfo: sombra de pessegueiro


T enho lido vários artigos nesta página sobre o estado do PS-Madeira, uns de ataque, outros de contra-ataque. Célia Pessegueiro passou a dar uma atenção a esta página que Paulo Cafôfo nunca deu e não deixa passar uma em branco. Faz bem, mas fazia melhor se estivesse mais atenta ao que se está a passar à sua volta e daqueles que sempre apoiou.

Comecemos por Cafôfo: depois de passar meses sem ir à televisão, como Presidente do PS-Madeira, depois da derrota autárquica e da sua saída anunciada voltou aos programas do Parlamento, na RTP Madeira. E, não satisfeito, fez mais: no espaço de um mês, em plena campanha eleitoral interna do PS-Madeira, com medo de perder o palco político e mediático para Célia, o Presidente do Grupo Parlamentar do PS Madeira, que continuará a ser durante 4 longos anos, organizou duas jornadas parlamentares. E como se isso não bastasse, organizou também uma cerimónia de homenagem aos militantes, a segunda em todos os seus anos de liderança partidária, para sair pela porta grande e não deixar para as mãos de Célia a entrega dos pobres certificados de papel. Até o dia de hoje, Cafôfo ainda não se pronunciou sobre o apoio a Célia Pessegueiro. Ninguém vai perguntar?

Mas a marcação cerrada a Célia não fica por aí. Marta Freitas, secretária-geral de Cafôfo, ainda nada disse. Sérgio Gonçalves, deputado ao Parlamento Europeu escolhido por Cafofo, também não. Entre muitos outros ilustres deputados, presidentes de câmara, de junta e afins. Ninguém vai perguntar?

Quem se tem dedicado tanto a digladiar-se nesta página durante as últimas semanas que se dedique mais a factos concretos e menos a narrativas fantasiosas. Célia Pessegueiro partiu para a luta depois de Avelino Conceição dar ordem de despacho a Ricardo Franco, conta com o apoio de Victor Freitas e do aparelho, velhinho e cada vez mais curtinho, mas vai sofrer do mesmo mal que Sérgio Gonçalves sofreu no PS e Miguel Gouveia na câmara do Funchal: depois de Cafôfo, nada. O que interessa é o homem ficar eternizado como o maior de sempre: o único que ganhou a câmara do Funchal, o que teve o melhor resultado em eleições regionais e o que teve o maior número de votos em eleições internas. A sério que ainda não perceberam que é para isso que o homem vai continuar a trabalhar, um professor de História que quer ter a certeza que assegura que é assim que o seu nome fica escritos nas páginas da triste história da política madeirense? Se ainda não perceberam isso, é mesmo caso para dizer: vão estudar. O que ele fez aos que estiveram antes dele e com ele, é exatamente igual ao que vai fazer aos que vêm depois dele. Desta vez, já nem se dá ao trabalho de esconder. O homem que nunca quis saber de trabalho político, agora farta-se de fingir que trabalha…

Muitos julgavam que Cafôfo ia viver à sombra de Pessegueiro, mas na verdade quer é fazer sombra a Pessegueiro.

Boa sorte, Célia!