Cozinhas sujas, doenças reais.


I sto é um protesto anónimo. É um alerta público. É um grito simples contra uma prática comum e perigosa: a falta de higiene em casa, sobretudo na cozinha. O caso é real, mas não tem nome. Podia ser em qualquer rua, em qualquer ilha, em qualquer casa.

Conheço uma mulher que vive sozinha. Vive com cães e gatos. Os animais andam pela cozinha, sobem às bancadas, dormem onde se prepara comida. O problema não são os animais. O problema é o nojo. O problema é a falta total de regras. Ela mexe em carne crua e peixe cru sem lavar as mãos. Vai à casa de banho e lava só a ponta dos dedos, com pouca água. Sabão? Quase nunca. Para ela, chega. Para a saúde pública, não.

Cozinha dentro e fora de casa. Usa um fogão no exterior. Os utensílios ficam numa bancada onde os gatos dormem. Há pelos. Há sujidade das patas. Há restos. Mesmo assim, a comida é feita ali. E depois é oferecida a visitas, como se fosse normal. Não é normal. É perigoso.

Quem vai àquela casa recusa comida por medo. Copos mal lavados. Talheres com gordura. Chávenas sujas. Um dia, vi uma colher com pelo de cão preso, enquanto a sopa era comida. Foi dito que “é normal”. Não é. Nunca foi.

Casas sujas criam doenças reais. Salmonella, E. coli, Listeria, Staphylococcus aureus. Vírus como Norovírus e Hepatite A. Tudo isto passa por mãos sujas, superfícies sujas e teimosia. Passa por não lavar as mãos depois da casa de banho. Passa por misturar comida crua com comida pronta. Passa por não limpar, não investir tempo, não gastar dinheiro em higiene básica.

Os sintomas aparecem. Diarreia. Dores de barriga. Vómitos. Febre. Depois vêm as queixas. Mas os conselhos são recusados. Há orgulho. Há casmurrice. Há negação.

Este texto não é só sobre uma pessoa. É sobre muitas. Donas de casa. Famílias. Amigos que veem e calam. A higiene não é mania. É dever. É responsabilidade moral. Quem cozinha mal pode adoecer outros. Isso deixa de ser privado. Passa a ser público.

Lavar as mãos salva. Limpar a cozinha protege. Separar alimentos evita doenças. Isto é simples. Isto é básico. Ignorar é escolher o risco. E esse risco não é só seu.