J ulgo que os alertas meteorológicos, baseados em previsões suportadas por equipamentos de medição e localização sobre a evolução do estado do tempo e ainda os respectivos modelos que, quando aplicados, pressupõem o que vai suceder nas próximas horas, dias ou semanas, passou a ser uma neura com origem no 20 de fevereiro para alguns e que outros, mais novos, não têm porque não viveram a experiência. Isto distingue duas abordagens, onde os mais idosos são mais temerários.
No primeiro parágrafo está, quanto a mim, a definição mais apta a colher apoiantes. Contudo, tenho outra, a minha. Os alertas são com certeza fruto das medições e previsões, antes falhar do que ser apanhado desprevenido, foi isso que aconteceu no 20 de fevereiro. Reparem numa coisa, a natureza concebe a disposição do relevo, da fauna e da flora numa razão de milhares e de milhões da anos, numa actuação lenta mas segura. Vem o homem, com uma esperança de vida de 100 anos (suponhamos) e, do que conhece, concebe soluções em dias, semanas e meses. Se o estado do tempo produzir correntes de água e nascentes, durante milhões de anos, o relevo não é mais do que a história de todos os acontecimentos até ao presente. Significa que se a natureza esculpiu assim tem a razão suprema da idade e da experiência. Quanto ao homem, faz a obra que lhe é conveniente atendendo aos seus registos, desde que evoluiu para registar, quando não calha a "olho" ou por ganância.
A neura do tempo "comercializou" a meteorologia, uma boa fatia da população anda atenta com medo, alguns pelo que cai do céu, outros pelo que nasceu na Terra. Muitos têm medo porque estão ao lado de obras que divergiram águas, estreitaram e confinaram leitos, porque promoveram a construção nas áreas conquistadas. Muitas pessoas, com conhecimento ou desconhecimento, estão em lugares que há pouco ou muito tempo o homem começou a usar porque não tem memória do passado da natureza.
Estamos no fim de uma estação que se chama Outono e às portas do Inverno e cada fenómeno meteorológico, mesmo tendo em conta as Alterações Climáticas, tornam-se um exagero informativo. Se olharmos para trás, aponte quantos temporais temos de referência? Falo só da Madeira. E os mais antigos não reconhecem que os Outonos e Invernos eram mais rigorosos e extensos, enquanto que agora são mais brandos com laivos de fúria?
Passamos o tempo a sofrer por causa da emissão de alertas ou, em muitos casos, porque ficam aquém do previsto, as pessoas começam a desvalorizar. Tudo depende de uma situação, a verdadeira dos alertas! Se vives num local onde o 20 de fevereiro não te atingiu e mostra-se seguro, a meteorologia não te faz impressão. Agora, se tu passaste mal, continuas numa má zona ou houve obras que te fazem suspeitar, aí de cada alerta de amarelo para cima é um sobressalto.
Portanto, os alertas meteorológicos são mais uma escala de aflição das obras loucas que andaram a fazer, aquelas que dizem ser para a nossa segurança, tal como o Savoy e as Obras são para dar emprego. Mas que obras e que emprego?
Conclui-se que os alertas meteorológicos são generalista mas, no fundo, dirigem-se àqueles que por herança, infortúnio e desconhecimento, não foram alvo de uma política regional de gestão do território e de responsabilidade nas obras. Nós até temos um relevo que ajuda, a água desce sempre, não há cheias, é verdade que temos pouco espaço útil mas, sem sombra de dúvida, que temos a mania da construção por tudo e por nada para saciar apetites gananciosos. A obra resolve tudo, até em questões de natureza e coberto vegetal. A obra obriga a aceleração das correntes de água e a se tornarem mais violentas. A lógica é de usar infortúnios e desastres para saciar a ganância e promover o enriquecimento de construtores e governantes, é um dolo para ganhar mais, mais e mais.
Repito, estamos no Outono às portas do Inverno. O que mudou foram as obras.
Enviado por Denúncia Anónima
Segunda-feira, 20 de Dezembro de 2021
Todos os elementos enviados pelo autor.
Adere à nossa Página do Facebook (onde cai as publicações do site)
Adere ao nosso grupo do Facebook: Ocorrências CM
Segue o site do Correio da Madeira
0 Comentários
Agradecemos a sua participação. Volte sempre.