E nquanto continuamos a lutar contra o betão que na nossa terra não respeita a natureza, verificamos os erros que durante quatro décadas deixaram para trás muitas asneiras em construções, sem estudos de boa relação com a natureza, até pode ter havido mas não ligaram. Os erros surgem ainda mais perversos com as alterações climáticas. O fenómeno da falta de areia na praia do Porto Santo não é novo, quem não se lembra de fotografias com a praia pejada de pedra que lhe muda a cor? Mas se o fenómeno não é novo, o problema tem vindo a agudizar, o que pode estar intimamente ligado com as alterações climáticas e as mudanças das correntes oceânicas pelo calor que o mar absorve ou pelo degelo (aqui sim). O porto do Porto Santo comete o mesmo erro do Cais 8, desvia as correntes, se no Funchal o "novo" cais enfia-as para dentro do porto, desestabilizando navios atracados, no Porto Santo desvia a areia que se depositava na praia. Muitos não gostam que se diga isto assim.
Nunca fomos capazes de rebentar obras mal feitas para que os governantes não sejam visados nem sejam imputadas responsabilidades mas, por vezes, essa é a opção mais sensata, objetiva e pragmática para que a natureza volte a trabalhar em nosso favor. Quero, nesta oportunidade, dizer que a Madeira é um lugar sui generis, faz-se fé em estudos aldrabados por objetivos políticos e justificar obras, enquanto enfiamos na gaveta do esquecimento os estudos com crédito que, por terem conclusões inconvenientes, são desvalorizados.
Desta forma, a sagacidade pelo betão que tanto enriquece alguns mas que tudo empobrece à nossa volta, as gentes e seu meio, inverte as importâncias. Um erro, o local da construção do porto, delapida um património geológico que corresponde a um recurso económico importante, ou seja, sem a praia do Porto Santo, a ilha tem que buscar outro motivo de interesse para construir uma economia à volta.
Não sei, nem ninguém todavia disse, que apesar de recuperar visualmente a praia se esta forma artificial de recarregar areia não altera as características terapêuticas da praia/areia. Parece que continuamos a não estudar para decidir bem, a urgência é unicamente tratar da imagem.
Também há velhinhos do tipo Lugar de Baixo no Porto Santo, eles dizem, apreciando há muitos anos, que o porto de abrigo não deixa a areia circular na zona da praia, desvia-a para um depósito mais à frente e que por isso é preciso artificialmente trazê-la para a praia. Eu penso que isto parece o negócio da brita na foz de muitas ribeiras no Funchal. Será que há erros premeditados?
O que sim sei é que falam muito das Ginjas e a Unesco mas a Praia do Porto Santo é uma das 7 maravilhas naturais do país e tem cá uma imagem que capta a atenção de qualquer um. Atentar contra a Laurissilva na Madeira e a Praia do Porto Santo é de gente inteligente?
Enviado por Denúncia Anónima.
Sábado, 12 de Novembro de 2022
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