D urante décadas pensou-se que o sucesso do PSD-Madeira deveu-se à inteligência política de João Jardim mas estamos a descobrir aos poucos que afinal o populismo de Jardim não passava de uma anedota divertida para o povo.
Miguel Albuquerque herdou um partido à beira de perder a maioria absoluta devido essencialmente aos devaneios de Jardim. Se bem que o PSD-Madeira perdeu a maioria absoluta e é agora governo em coligação com o CDS, isso não se deveu ao Miguel mas sim às conjunturas adversas que encontrou.
Os que não têm memória curta lembram-se de que quando Miguel Albuquerque ganhou o PSD, além das promessas populistas que contradiziam a herança de Jardim, confessou logo que era um erro ostracizar a imprensa e, com a poderosa dialética que se lhe reconhece, conseguiu converter os maiores inimigos do PSD nos seus maiores aliados.
É verdade que o PSD tremeu com o fenómeno mediático Cafôfo mas deixou-o enterrar-se sozinho. O PSD-Madeira não demorou a descobrir que uma grande maioria dos que votaram oposição e mais tarde Cafôfo não eram contra o PSD mas sim contra João Jardim e a política de enfrentamento dura.
Quer gostemos ou não, Miguel Albuquerque conseguiu tudo o que Jardim nunca conseguiu. Em poucos anos destruiu a imprensa livre, amordaçou a Justiça e enterrou a oposição. Hoje a imprensa, a Justiça e a oposição são apenas Mortos-Vivos, sobrevivem apenas para fingir que a agonizante democracia ainda existe na Madeira.
Veja-se o exemplo do CDS, de inimigo mortal é agora um aliado que já não vale nada em votos. Mais um opositor que Miguel destruiu! Veja-se o PS, que a ambição de poucos destruiu o sonho de muitos. O PS-Madeira é hoje um partido minado por uma oligarquia de interesses obscuros que ninguém entende.
Miguel conseguiu tudo isto com a complacência das empresas do regime que usaram o dinheiro dos impostos para comprar tudo o que havia para comprar. Do outro lado ficou uma população que continua a se sentir feliz com a miséria a que foi votada.
A História vai contar que afinal o inimigo dos inúmeros opositores, que Jardim acumulou ao longo de décadas, não eram devidos aos Governos PSD mas sim à figura que o PSD teimosamente idolatrava.
Jardim nunca lhe perdoou a afronta e começou a minar o Partido, metendo os seus melhores peões no tabuleiro politico. Lançou o seu cavalo e os bispos para a frente mas a estratégia de desgastar Miguel Albuquerque correu mal. Miguel deu a comer a Rainha e está à beira de fazer um Xeque-mate a Jardim.
Estamos todos metidos num Thriller sem um final feliz!
PS: Uma nota final para o excelente artigo do de Nuno Morna no Diário (link) que descreve o Inferno de Dante mas que infelizmente pouca gente percebeu.
Enviado por Denúncia Anónima.
Segunda-feira, 12 de Dezembro de 2022
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