Desventuras: A sondagem.


Bom dia!

H oje venho-vos contar sobre o trabalho que andei a fazer na última semana para a Intercampus. Um trabalho minucioso e imparcial que fiz pelas tascas da nossa bela ilha e que me encheu de orgulho! Comecei pelo Funchal. Recebi o telefonema para iniciar o meu trabalho logo de manhã quando assistia à missa na Igreja de Santo António e decidi subir logo ao Barbas para angariar algumas opiniões. Enganei-me na porta. Entrei na porta acima, mas tive sorte. Já saí de lá com 7 inquéritos preenchidos.

Na porta certa, foram logo duas ponchas para a viagem. Nisto, uma maralha bem vestida atravessa a estrada, vindos daquele edifício moderno sem telhado. A minha casa também não tem telhado, mas ali eles não devem ter problema com a chuva. Pus-me logo a perguntar em quem votariam. Foram todos bastante coerentes e quase me esgotaram a quota do Funchal. Perguntei se conheciam algum bom lugar em Câmara de Lobos para continuar. Sugeriram-me a Venda do André. Boa ideia! Há que manter o depósito cheio.

Depois de duas horas em autocarros ou à espera deles, lá cheguei à Venda. Pedi logo duas ponchas, que isto de secar nas paragens dá sede. Enquanto o rapaz fazia a poncha, decidi adiantar trabalho. “Em quem vais votar?”, perguntei-lhe eu. Encolhe os ombros, não sabe quem são os candidatos. Tentei mostrar as opções no telemóvel: “Este primeiro, o Miguel”. Mudo para a segunda foto e não carrega. Terceira, nada. “A NOS para estes lados não é grande espiga”, penso eu. Ele serve-me a poncha e diz-me que pode ser no primeiro. Ora bem, é tudo o que eu preciso.

Apanho boleia para o Campanário e vou ao São Brás. Mais duas ponchas e decido atravessar a estrada, há muita gente daquele lado. Entro e faço logo as questões à senhora do primeiro balcão. “PS” diz-me, assertiva. Senta-se um senhor atrás dela a ouvir a conversa. Ela diz-me “Não, ponha indeciso”. Ele debruça-se para ouvir melhor. “Pensei melhor, é no PSD”. Esta folha ficou mais riscada que os artigos do JM que diziam mal do velho jarreta, pensei.  

Para a Calheta, apanhei boleia na carroçaria de um camião da AFA. Homem simpático. Disse-me que, se eu quisesse, deixava-me no Arco da Calheta, numa casa boa para fazer inquéritos. Perguntei se tinha algum bar ao lado. “Não”, responde-me. “Deixe estar, eu vou à vila”.

Mal cheguei à avenida, apanhei uma família grande. Falavam depressa, mas percebi tudo. Podia jurar que as crianças eram menores, mas ninguém me disse que precisava de pedir BI. Quando comecei a dizer os nomes “PSD, IL, Partido Socialista…”, respondeu-me logo a mãe: “Socialismo, no, no!”. “Ok”, respondo. “Chega então?” - “Sí, gracias!”. Nisto, um dos putos vê um cão a passar e põe-se “Perrito, perrito!” e eu achei melhor marcar aquele como PAN. 

Tinha de ir ainda ao Porto Moniz, mas o dia já não dava para tanto e não há helicóptero para aqueles lados. Decidi fazer mais uns pela Calheta e marcá-los noutro lado. Quem é que vai saber?

De regresso ao Funchal, dirijo-me ao porto. Pensei para mim que não é preciso ir ao Porto Santo para obter uns votos de locais. Sento-me no cais e espero. Passa uma, duas, três horas. Vem um agente na minha direção e pergunta o que estou ali a fazer. “À espera do Lobo Marinho para que uns portossantenses me respondam a umas perguntas”. Ele ri-se, diz que o navio vai demorar mais umas semanas. Ora bolas, e agora? Pergunto-lhe se já respondeu ao inquérito, ao qual ele responde negativamente. Diz que quer votar Chega, porque são aqueles que dizem que ele tem o direito de expulsar, como bem entender, os preguiçosos que não fazem nada na via pública. Levantei-me imediatamente e comecei a correr. Lá lhe gritei ao longe: “Se lhe perguntarem, você é oito portossantenses!” e dei o fora.

Estava eu contente a caminho de casa, a subir para o Bom Jesus, porque é impossível atualmente apanhar autocarros no Largo da Autonomia, quando dei por mim com falta de algumas respostas. Olhei à volta e vi um edifício com potencial, por cima da farmácia. Entrei lá e nem precisei de mostrar as fotos. “Finalmente”, pensei eu. “Pessoas esclarecidas sobre as eleições!”. Mais de metade respondeu Gonçalves. Saí de lá sem olhar para trás, porque percebi que aquilo ia dar molho à Rua das Fontes rapidinho.

Enviado por Denúncia Anónima.
Segunda-feira, 6 de Fevereiro de 2023
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