A Burla da Pontinha


Q ue fique desde já claro que não sou contra as obras. Há bons exemplos de obras na Madeira como as estradas ou mesmo o Hospital Novo, mas também maus exemplos flagrantes, como as obras marítimas. O triste é que a história de problemas das obras marítimas, como a famigerada Marina do Lugar de Baixo, o Cais 8, o Porto do Caniçal e o Porto do Porto Santo, mostra-nos que na Madeira é tudo feito sobre o joelho a tempo das eleições. 

Mas nem tudo é mau no reino do mar, de todas as obras marítimas, o pequeno Porto do Seixal é aquela que mais agrada por inesperadamente ter criado uma praia paradisíaca que aparece mais nas fotos de promoção do destino Madeira do que todas as outras obras juntas. Do mal, o menos! 

Tudo isto a propósito, da última preocupação do Sr. Presidente da Câmara do Funchal que - sabe lá Deus porquê - tirou um coelho da cartola e veio defender que o aumento da Pontinha seria um meio para evitar que algum Tsunami destruísse o Funchal. Das duas uma, ou o Sr. Presidente da Câmara Municipal do Funchal é mal assessorado ou existem alguns interesses pouco claros na sua inesperada preocupação.

Embora hajam relatos históricos de que o mar já chegou às portas da Sé, os 600 anos de ocupação da ilha da Madeira mostrou-nos que o Funchal já foi atingido por pequenos sismos e por Aluviões mas nunca por um Tsunami. Há uns anos atrás, especulou-se que a atividade vulcânica do Cumbre Vieja podia provocar a queda de uma grande massa rochosa e ameaçar a Madeira com um tsunami gigantesco. Felizmente nada aconteceu, mas se acontecesse não seriam 400 metros de Pontinha que evitariam qualquer catástrofe no Funchal. 

Sr. Presidente da Câmara, se um Tsunami dessas dimensões (ondas de 20 metros) atingisse o Funchal, para mitigar os danos patrimoniais e humanos, seriam precisos mais 3Km de Pontinha com 40 metros de altura. Portanto a sua preocupação esfuma-se nos conhecimentos dos técnicos de sismologia e de hidráulica marítima.

Não sendo má-língua, suspeita-se que com o fim dos 352 milhões do Hospital Central e Universitário da Madeira, as Construtoras vão precisar dos programados 150 milhões (que a preços correntes poderão atingir os 250 milhões) dos 400 metros do aumento da Pontinha. Se o aumento da Pontinha justifica-se para proteger o Cais 8, não seria muito mais barato destruir o aborto do Cais 8 e restituir a praia de calhau ao Funchal? Mais! Se o aumento da Pontinha é necessário para trazer mais Navios de Cruzeiro (veja só que por coincidência hoje o Porto do Funchal está vazio) então prove-se que o Porto do Funchal já não tem capacidade para a longa lista de espera dos navios que, por falta de espaço, evitam a Madeira e se dirigem para Las Palmas.

O Sr. Presidente da Câmara parece estar mais preocupado com o aumento da Pontinha do que com os jovens casais que não têm 500 mil euros para adquirir um apartamento no empreendimento DUBAI. Sr. Presidente imagine só para quantos apartamentos, a custos controlados, dariam os 250 milhões? Veja o lado bom desta ideia, para as construtoras construir apartamentos é mais fácil e rentável que um molhe.

Entretanto, uma pesquisa rápida pelo Google mostrou-nos que, desde 2019 (Estudos - Estudo do Leque aluvionar da Baía do Funchal – Modelação física tridimensional das infraestruturas e área de operação portuária - LNEC - Laboratório Nacional de Engenharia Civil) o LNEC estuda o Porto do Funchal.

Segundo o pouco que li, os estudos incidem sobre soluções do Cais 8 e sobre as consequências do aumento da Pontinha. O estranho é que passados quatro anos não conseguimos encontrar, no mesmo Google, os resultados desse estudo, mas tudo aponta que o aumento da Pontinha e o consequente bloqueio das três ribeiras do Funchal irá causar o assoreamento descontrolado do Porto do Funchal tornando-o inoperacional por meses, sendo necessário mais de 2 milhões por ano dos nossos impostos para o seu desassoreamento.

Na dúvida e para que tudo fique devidamente esclarecido, que se torne publico as conclusões do tal estudo para que aqueles que votam façam-no em consciência.


Enviado por Denúncia Anónima.
Sábado, 18 de Março de 2023
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