T enho animais em casa, quem os tem sabe a lealdade que nos têm, gatos, cães, até peixes conseguimos interagir, contudo, há gente sem valores nem conhecimentos para saber ter animais. Tenho assistido, vezes sem conta, a maus tratos a animais noticiados, fico a pensar nos meus, que estimo e passo boas horas, nas mãos de energúmenos. Há animais com sorte, outros nem por isso. A notícia de hoje é dura e deixa uma sensação de revolta difícil de digerir. Temos a violência contra animais e a violência contra mulheres. Um parece a antecâmara para o outro, quem não tem respeito por animais depressa chega às pessoas. O episódio mostra aquilo que muitas associações já sabem bem, quem maltrata animais raramente é inofensivo noutras esferas. A agressão à voluntária confirma a ligação entre crueldade animal e violência humana. É um padrão conhecido e ignorado demasiadas vezes. Sobretudo na Madeira, por complexos de inferioridade têm que se pintar superiores com superlativos.
A VOLUNTÁRIA foi chamada para resgatar cães em sofrimento, e acabou vítima de uma emboscada num contexto de negligência grave. Isto mostra um cenário ainda mais inquietante, há pessoas que, além de sujeitarem animais a condições miseráveis, tentam silenciar ou impedir quem tenta salvá-los. Eu não estranho pelo que vejo na nossa sociedade, fazem asneiras e querem ser reconhecidos como honrados.
As imagens falam alto, cães magros, feridos, presos, sem cuidados básicos, e um ambiente totalmente degradado. Não há desculpa possível. Independentemente de condições económicas, existe sempre a responsabilidade mínima de não causar sofrimento atroz. Quem não pode ter que não os tenha e para os ter, mesmo pobre, tem que ser bem formado.
Volto a dizer que não me admira nada disto pelo que vejo entre humanos na nossa sociedade. A presidente da associação diz algo que dói porque é verdade, continuam, mesmo sob risco. E continuam porque, se não forem elas, ninguém vai. A tal apatia generalizada em tudo, se outros valores existissem atuavam diferente. O Estado não pode continuar a depender da coragem e do sacrifício pessoal de voluntários para problemas tão graves.
Por outro lado, existe a impunidade como doença social, alimentada pelos nossos governantes que são mau exemplo e convencem a arraia miúda que também pode prevaricar. Só nesta notícia temos animais maltratados, agressores protegidos pela falta de fiscalização, voluntários expostos a riscos absurdos, casos que só vêm a público quando já passaram todos os limites. A sociedade habitua-se a superlativos quando está podre por dentro.
Percebam o significado das coisas, quem é capaz de manter animais a sofrer desta forma, e ainda agredir quem tenta salvá-los, revela uma brutalidade que não pode continuar a ser tolerada.
