P rimeiro de tudo, há que dar os parabéns ao Ministério Publico, à Policia Judiciária e à GNR pela detenção do grupo de traficantes, que peca apenas por tardia, porque há muito que eram conhecidos. Cadeia com eles!
Entretanto, em Portugal prepara-se uma Lei para restringir o consumo de tabaco, mas como o país é um grande produtor de vinhos, ninguém quer saber daquele meio milhão de portugueses que é dependente do consumo de álcool e que o número de mortes por doenças associadas ao consumo do mesmo ultrapasse as 3000 por ano, ou seja, o álcool mata mais de oito portugueses por dia.
Por melhores intenções que o legislador tenha, o resultado da lei do tabaco será o aumento do contrabando e do tráfego de tabaco por traficantes, ou seja, está a se incentivar à ilegalidade, resultando no maior número de fumadores sem controlo de qualidade.
Muita gente desconhece, mas o consumo de álcool e de tabaco são os responsáveis pelos cancros mais letais conhecidos, como o do pulmão e do colon, sendo as principais causas de morte por cancro em Portugal. Segundo o SICAD - Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências, mais de 60% dos portugueses consomem bebidas alcoólicas, com a agravante do consumo de bebidas alcoólicas com o tabaco exponencie o risco de desenvolver cancros, como o do pulmão, fígado, estomago e intestino.
Por falar em ilegalidade, vamos-nos debruçar sobre a Cannabis Sativa, que é a planta ilícita mais cultivada e consumida em todo o mundo. Na sua constituição química fazem parte o Tetra-HidroCanabinol (THC) e o CanaBiDiol (CBD) entre outras 500 moléculas. Se bem que o THC seja o responsável pelos efeitos psicotrópicos no sistema nervoso central, o CBD atua como calmante e relaxante, sendo a sua comercialização e consumo legal em Portugal.
Embora não haja evidências científicas devidamente comprovadas por amostragens suficientes, de que a combinação do CBD com o THC são eficazes no tratamento do cancro, não é por acaso que o THC é receitado aos doentes oncológicos submetidos a quimioterapia.
Se em Portugal o cultivo de Cannabis para consumo próprio é ilegal, na Holanda a liberalização da Cannabis aconteceu em 1976, ou seja, há mais de 40 anos que é permitido consumir cannabis dentro dos Coffeeshops, na sua casa ou ainda no quarto do hotel, sendo até tolerado na via pública.
Ao contrário do que se pensava, a liberalização produziu conclusões que contrariam a tese de que a Cannabis é a “porta de entrada para outras drogas mais pesadas como a Cocaína, Heroína e outras drogas sintéticas mais letais, como o Bloom. De acordo com um estudo efetuado nos Estados Unidos, apenas 1% dos consumidores de Cannabis são consumidores de outras drogas letais.
O mais importante é que a legalização da Cannabis na Holanda terminou com a relação dos jovens com o submundo dos traficantes que, por motivos funestos, incentivam o consumo de drogas mais pesadas e mais rentáveis para estes. Os resultados indicam que o número de consumidores de Cannabis manteve-se, mas o número de dependentes de drogas mais pesadas diminuiu. Mais de metade dos consumidores de Cannabis deixou de utilizar outras drogas ou recorrer a medicamentos ansiolíticos para o controlo da ansiedade ou depressão.
Em modo de conclusão, um estudo recente aponta para que o Álcool, e não a Cannabis, seja a 'porta de entrada' para as drogas mais nefastas e perigosas, mas nenhum político português tem coragem para impor restrições ou mesmo ilegalizar o consumo de Álcool num País conhecido por ser o maior consumidor de álcool da Europa, ou seja, cada português consome o equivalente a 12 litros de álcool puro por ano.
Para terminar, além de todas as vantagens para a saúde pública, a legalização da Cannabis reduziria a procura e consequentemente o consumo de drogas sintéticas, terminando com a cumplicidade entre o narcotráfico e o poder político.
Anexo: PDF com a Proposta de Lei da Iniciativa Liberal para a liberalização da Cannabis em Portugal:
Quarta-feira, 24 de Maio de 2023
Todos os elementos enviados pelo autor.
Adere ao nosso grupo do Facebook: Ocorrências CM
Segue o site do Correio da Madeira
0 Comentários
Agradecemos a sua participação. Volte sempre.