O debate da habitação


A discussão sobre a habitação tem sido interessante, mas lamento que existam propostas que vão de acordo à forma de governar deste governo: com os olhos no próprio umbigo.

O ferecer habitações a seja quem for, é errado. Enquanto sociedade, devíamos procurar que todos tenham condições para fazer a sua vida e não esperar sentado que lhe caia algo no colo. Infelizmente, o esperar sentado é uma velha máxima de quem tem cartão laranja nesta terra, e não haja dúvidas que muitos vão ter acesso a estas habitações injustamente. E digo injustamente, porque se formos ao IHM perguntar o lugar na lista, é tipo SESARAM. Não dizem. Porque é mais fácil esconder as listas do que amanhã estarmos 10 lugares abaixo do que estávamos ontem por terem passado à frente quem tenha prometido votos ou se tenha filiado.

O dinheiro do PRR foi um brinde para este governo. E com esse brinde, o governo regional mostrou o dedo do meio a todos, particulares e empresas, e disse: “É todo nosso, vamos gastar como queremos”. Na habitação, depois de anos parados e sem intervenção, foram obrigados a construir para terem acesso aos 150 milhões que estavam alocados para esta área. E tem sido o regabofe. Apartamentos T1 e T2 construídos à modesta média de 200 mil euros. Dá para tudo, nesta terra de ‘primeiro os nossos, depois os outros’ dividir aquele bolo pelos amigos e deixar uns restinhos para espalhar por aqui e ali. Afinal, há eleições para ganhar e o povo compra-se facilmente.

O que ainda parece que ninguém percebeu, é que para além desse valor que receberam, o governo terá outro jackpot diretamente para o orçamento regional. Quando se venderem os apartamentos que estão agora a construir, vão buscar mais uns milhões para fazerem o que quiserem, ou seja, mais uma obra daquelas que não interessa a ninguém senão a quem constrói, a quem fica a manter e a quem mete ao bolso pelo meio.

O que me leva às soluções: é preciso perceber que o valor atual das habitações começou por aumentar devido à habitação de luxo, mas contagiou para todos os setores. Porque o valor das casas define-se ao metro quadrado e quem tinha casas para vender, ao ver o preço a disparar, aumentou o preço da sua também. E fizeram bem, é a lei do mercado. Afinal, se um jornal diz que o preço médio das casas está a 2 mil euros o metro quadrado, alguém teria de ser burro para vender a 500 euros.

O governo tem uma excelente hipótese de fazer recuar todo o mercado. Agarra nas 800 habitações, assume, por exemplo, 25% do custo destas, do tal valor inflacionado que pagou às construtoras e vende a verdadeiros custos controlados, metendo no mercado 800 fogos a uma média de 150 mil euros. Com esse dinheiro, constrói mais habitação. Pelas mesmas contas inflacionadas, dá para construir mais 600. Repete o procedimento, constrói mais 450 na terceira vaga. E por aí em diante, até esgotar o dinheiro.

Em 2026, teríamos quase 3 mil habitações a custos controlados no mercado a baixar o preço médio da habitação. Os madeirenses ganhavam, as construtoras amigas do regime ganhavam e muito, os senhores que metem ao bolso iam meter mais algum. Os únicos que se lixavam são os que estão a apostar na inflação para vender casas por milhões.

Mas há quem esteja de olho naquele dinheiro para mais um mamarracho na Pontinha…

Enviado por Denúncia Anónima
Quinta-feira, 24 de agosto de 2023
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