Fartos de turistas e rent-a-cars: soluções

 

Ceannabeinne Beach na NC500 - Escócia

E stive a ler artigos sobre as rent-a-cars, só não sie como é que não saiu antes, o povo é mesmo pacato e subserviente. Tentei perceber para onde caminhamos, vendo outros exemplos que espelham um desafio crescente noutros destinos populares que enfrentam o fenómeno do "overtourism" (turismo excessivo), onde a qualidade de vida dos residentes é significativamente afetada. 

O problema não é exclusivo da Madeira. Muitos locais, especialmente ilhas ou regiões com infraestruturas viárias complexas (rotundas, estradas estreitas, curvas apertadas) e onde a condução é feita num lado diferente do habitual para o turista, enfrentam as mesmas dificuldades.

Embora as soluções mais noticiadas para o excesso de turismo se concentrem no controlo do número de visitantes (taxas, limites a cruzeiros, etc.) ou na gestão de multidões, há exemplos e abordagens que visam especificamente a segurança rodoviária e o comportamento dos turistas.

Na Escócia, há várias estradas cénicas (como a North Coast 500) e muitas delas de faixa única, enfrenta os mesmos problemas com turistas estrangeiros, como na Madeira. Andam a discutir a implementação de "matrículas de turista" ou "placas de turista" para veículos alugados. Ou seja, as rent-a-cars podem disfarçar, mas os turistas não, agora com a placa não escapam mesmo. Perigo na estrada. As autoridades pretendem alertar os locais e as autoridades de que o condutor é um visitante, o que pode influenciar a paciência dos locais, a fiscalização, e a forma como os serviços de emergência atuam. A ideia é também aumentar a consciencialização do condutor de aluguer, sabendo que está identificado...

Soube de outro caso, o da Nova Zelândia que apostam na educação no aluguer. A Nova Zelândia é outro país com paisagens deslumbrantes e condução é pela esquerda (um desafio para muitos turistas). Investiram fortemente na educação dos turistas que alugam veículos. Boa educação e não o que as rent-a-cars da Madeira fazem! Foram implementadas campanhas de segurança rodoviária altamente visíveis e obrigatórias nos pontos de aluguer e em plataformas digitais. Fizeram vídeos curtos e informativos sobre as regras locais, condições das estradas rurais, e, crucialmente, como lidar com estradas de faixa única e veículos agrícolas.

Soube de outras situações mas não se adaptam à Madeira, com a ideia de redistribuição do fluxo, como Barcelona e Amesterdão, para longe dos pontos de maior saturação, o que indiretamente alivia o trânsito e o congestionamento rodoviário nas zonas centrais e históricas. O problema é que a Madeira é pequena, pouca área útil e o erro é meter demasiada gente cá dentro. O elástico e narrativa do Eduardo Jesus é cosmética para o erro.

Não querendo o poder político corrigir o erro porque viciaram mal alguns que lucram com o turismo sem respeito pelos madeirenses, eu diria que só se pode mitigar o perigo causado pelos turistas "errantes" na estrada, focados na educação direcionada, sinalização melhorada e fiscalização/penalização. Confesso que por aquilo que vejo de atrevimento e insolência não acredito que este turismo sem qualidade acate alguma coisa. Mas pronto...

É preciso educação rodoviária obrigatória no local do aluguer, porque interceta o turista antes dele pegar no carro. Deve ser obrigatória a visualização de um vídeo muito curto (1-2 minutos) no momento da recolha do carro alugado que destaque os principais desafios na Madeira:

  • Rotundas: regras de circulação na faixa exterior/interior, com ênfase na saída correta.
  • Túneis e vias rápidas: a importância do pisca e de não parar em locais inadequados.
  • Estradas estreitas e montanhosas: onde e como ceder a passagem.
  • "Cartão de Regras": entrega de um folheto pequeno e simples (em várias línguas) com 5 a 6 regras de ouro para a condução na ilha.

É preciso melhorar a sinalização em pontos críticos. Instalar sinalização complementar nos túneis ou antes de saídas importantes, avisando com antecedência que a próxima saída é para X destino (muitas vezes, os GPS dão a indicação em cima da hora. É isto que mais irrita os madeirenses com hesitações e atravessamentos loucos sem cumprir qualquer regra, só a fixação de corrigir a condução para o lugar errado.

É preciso o reforço da sinalização horizontal e vertical, mais intuitiva e reforçada para turistas nas rotundas mais complexas ou de maior sinistralidade turística.

Meus amigos, tolerância zero para estacionamento escabroso porque se acham impunes e nunca vais chegar uma multa a casa. Aumentar a fiscalização e as multas para estacionamento indevido, campismo selvagem e infrações flagrantes (como circular em sentido contrário ou parar em locais perigosos). Em casos de infrações graves ou reincidentes, deve ser estudada a comunicação à entidade emissora da licença de condução ou às seguradoras, criando um registo que possa penalizar futuras tentativas de aluguer. Aqui é que dói e eles mudam! é preciso acabar com a impunidade que gera insolência contra os madeirenses que reclamam.

Mas como isto não é elástico, é preciso incentivas a montante, nas plataformas de vendas, o incentivo a transportes públicos, carrinhas, tours em autocarro, mas também criar uma frota de autocarros para servir destinos turísticos. Os transportes colectivos deve ser a primeira alternativa para visitar locais de difícil acesso ou com estacionamento limitado, reduzindo o número de carros de aluguer nas estradas e a crescente ampliação de estacionamentos nos lugares turísticos.

Mudr o que se está a passar para também mitigar a crescente hostilização a turistas com carro de aluguer carece de coragem e não de continuar a fechar os olhos e a encher a rede viária de uma quantidade de carros incomportável. O GO (o único responsável), as autoridades, as empresas de aluguer de carros (rent-a-car) e as entidades de promoção turística, devem-nos mais na prevenção e educação proativa para depois passar à punição.