Primeira parte de perguntas e respostas a Joaquim Sousa


S ó depois de muita pressão da Opinião Pública e dos partidos da oposição, o acordo entre PSD e PAN (não vimos CDS) viu a luz do dia, quisemos fazer algumas perguntas a quem poderá dizer algo mais, a Joaquim Sousa, que amavelmente acedeu em responder. Agradecemos! Aqui está a primeira parte:

Em 2019 o acordo pós eleitoral do PSD/CDS foi divulgado publicamente, confirma a regra democrática e abre o "precedente". No seu entender, porque razão o PAN não divulgou atempadamente o acordo com o PSD aos madeirenses? 

O acordo assinado entre a Sr.ª deputada eleita, o seu mentor e o PSD é muito mau para aqueles que no PAN Madeira acreditavam numa solução governativa diferente, assente no respeito pela natureza, por todos os seres vivos, pela transparência na gestão da coisa pública. Este é um acordo pífio para o PAN, mas é um bom acordo para o PSD e para aqueles que o assinaram à revelia da Comissão Política Regional do PAN e que se recusaram a discuti-lo e submetê-lo à aprovação dos comissários políticos regionais e dos militantes do PAN na Madeira. 

O que escondem os partidos? 

Não me parece que o PSD esconda o que quer que seja, pois o que foi assinado menoriza o PAN, pois o partido que durante três anos defendeu causas como a mobilidade suave, como o fim da digitalização da educação, como o fim de obras como o teleférico do Curral das Freiras, a construção da Estrada das Ginjas, o fim do uso de glifosatos, a existência de um portal da transparência nas compras e na contratação pública, no momento em que pode ser solução, negoceia propostas pífias, muitas das quais já fazem parte do programa do governo e ou dos municípios. 

Ajude-nos a perceber isto. O PSD vinha a "arrastar a asa" com subsídios a LGBT's e a organismos de defesa do animal antes das eleições, acha que os apoios "compraram" votos e que independentemente do cabeça de lista, havia fortes probabilidade do PAN repetir o resultado de 2011 e eleger um deputado? 

Sim, em julho existia a ideia clara que poderíamos eleger não um, mas dois deputados. A questão passava sempre por capitalizar as causas fraturantes que o partido liderava, na defesa da natureza, na defesa das causas dos professores, na defesa dos mais vulneráveis, na luta contra as negociatas, contra as imposições na altura da COVID 19 e realmente sentíamos que a eleição seria uma realidade. 

Na sequência da pergunta anterior, foram certezas de eleição que fez mudar o cabeça de lista porque não seria favorável ao Governo que dá subsídios? 

Como em 2015 e em 2019, o PSD fez o seu trabalho e procurou acautelar soluções governativas em caso de não ter maioria, foi assim em 2015 com contactos prévios com o CDS, que não foram necessários, foi assim com o PAN em 2019, que aliás terá dado a nomeação de Porta-voz do PAN para um alto cargo na administração regional e foi assim em 2023. Era sabido que Joaquim Sousa não aceitaria qualquer acordo menos lícito e obviamente teria de ser afastado para permitir que o negócio continuasse.

O acordo do PSD com o PAN parece antinatura, qual poderá ser a intervenção do PAN, para ajudar pessoas, animais e natureza face às alterações climáticas? 

Os problemas decorrentes das Alterações Climáticas não fazem parte das preocupações de quem usurpou funções no partido em agosto a 5 dias da entrega das listas, aliás a questão que se coloca é quais é que são as questões com que estas pessoas se preocupam? A representação parlamentar, para além do show-off de reuniões pífias, onde tudo já está decidido, como aconteceu recentemente com a situação da Quinta dos Prazeres e do Teleférico do Curral das Freiras, faz o quê?.

É que o PSD não fez a revolução social para nivelar pela classe média e temos assimetrias tremendas; o PSD mata espécies sem critérios humanos, sem seguir as melhores práticas, sustentáveis, nem estudos; atenta cada vez mais a natureza sem levar a sério as alterações climáticas na sua vocação de servir o betão e o alcatrão. O CDS vinha moderar o PSD e não moderou, o que vem fazer o PAN?

Duma forma direta e simplista o PAN vem cheirar o poder e dai tentar ficar com umas migalhas que caiam da gamela. Obviamente que para quem pensa pequeno e não está de corpo e alma com aquelas que foram as causas daqueles que durante 3 anos lideraram o PAN Madeira, pessoas com obra feita como o Fernando Rodrigues, o Rui Vieira, a Paula Rodrigues, o Nelson Almeida, o Décio Alves ou a nossa autarca em funções executivas a Margarida Magalhães. A Mónica e o Marco foi a primeira vez que deram a cara pelo PAN e a sua preocupação é a melhoria da qualidade de vida pessoal e só. Este tudo indica será um percurso pessoal de duas ou três pessoas, que estão no PAN, mas poderiam estar no CHEGA, no PTP, no PSD ou no PS, assim lhe dessem palco e oportunidade para serem “oportunistas” como afirmou a jovem deputada eleita pelo partido recentemente no Madeira 7talks.  ´

Confirma que as negociações entre o PSD e o PAN iniciaram-se antes de serem conhecidos os resultados eleitorais das regionais e com a dirigente nacional do partido?

Em julho tive abordagens sobre qual seria o posicionamento do PAN caso fosse o ou um dos deputados necessários para a continuação da maioria e, em ambas as ocasiões, confirmei que estaria indisponível para dar carta branca à maioria para perpetuar o poder de 47 anos, que não tinha por objetivo ir para o governo, nem tão pouco para qualquer lugar nestas circunstâncias e soube que outros elementos do PAN foram abordados e aceitaram essa possibilidade (manter esta maioria confortável no poder através de acordo parlamentar), também eu ouvi que a líder nacional no final de julho, princípio de agosto esteve numa reunião com dirigentes de um dos partidos da maioria.

Como interpreta o facto do acordo ser durante muito tempo do desconhecimento da opinião pública e dos partidos com assento parlamentar? O PAN é uma "semi-toupeira"?

Para alguém como eu que defende a ética na vida e na política, vejo com tristeza, ao contrário do que é dito pela deputada eleita, os jovens não devem ser oportunistas, os jovens, não devem querer ocupar postos para os quais não estão preparados, não tem maturidade, nem têm competência. A ideia que o PAN passa é que vale tudo, que a ética é um palavrão sem sentido e que as causas submetem-se à carteira. O PAN neste momento dá a imagem de ser um partido de duas caras e irrelevante para o debate político, ainda que esteja circunstancialmente no centro da decisão parlamentar. A pergunta que fica é o que é que o PAN defende para além dos interesses pessoais da sua jovem deputada e dos seus companheiros de golpada? Quem é que representa? O que é que representam?

Quando teve conhecimento integral do acordo entre o PSD e o PAN?

A 18 outubro via PAN Lisboa

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