V amos de Natal a Natal coartando a família, enquanto se lembra e festeja essa unidade essencial à sociedade através do nascimento com o presépio. A lembrança até parece mais uma caridade natalícia para apagar a memória coletiva de um povo, como forma de desobriga, alívio da consciência e exibição das elites. Dizem que é a época mais linda do ano, pena estar confinada por algumas semanas, os desafortunados não merecem mais? Tudo se resolve com uma boa festa.
Com os vencimentos que não dão para constituir famílias, esta "instituição" morre por falta de nascimentos e por emigração. As famílias existem onde há prosperidade e não só um, dois ou três empregos para chegar à subsistência. Ao contrário de outros tempos, também se nota que há novas prioridades no Natal que não reunir a família, muitos seguram o emprego.
Há muito tempo que os censos informam que não se presta a devida atenção ao problema demográfico, era prioridade governar por um melhor vencimento que se traduziria em capacidade de constituir famílias. Quando se insiste nos mesmos governantes, métodos, modelo e empresários numa economia fechada, sucede o que vemos. Há políticos aflitos a dizer que se deve pagar melhor, quando os amigos a quem tudo deram passam por momentos áureos, a última coisa em que pensam é aumentar vencimentos. Quando dizem para pagar melhor significa que perceberam porque estão a perder votos, mas que também o poder lhes saiu das mãos.
Assim, as pessoas vão embora, substituídas por ricos para as negociatas das imobiliárias e asiáticos pobres para serem explorados pelos mesmos esclavagistas dos madeirenses. Quanto mais ganham, mais querem, ninguém nota, está sempre imensa gente que vai e vem com a quantidade de turismo insustentável que enfiaram na ilha.
Mas se falo dos mais novos e das famílias em idade ativa, toda a conjuntura leva a acreditar que seremos cada vez mais idosos sozinhos, perante uma juventude formada no egoísmo do ter e que quer viver a sua vida desligada dos padrões da família. Aliás, a família hoje em dia muda rápido e cada um fica para o seu lado, um novo avanço que substitui a ideia de que os jovens saem cada vez mais tarde de casa. Eles saem antes e para a universidade, têm muitas mais oportunidades lá fora e não voltam.
Se já é ruim ser idoso hoje em dia, o futuro de gente sozinha perante lares privados a canibalizar só os que têm boa reforma, mostra bem o que será o fim do estado social. Com os serviços de saúde e lares públicos depauperados para provocar a ida para a privada, é caso para perguntar que futuro se constrói com estes governantes? É evidente que existe uma elite à parte...
Se muitos não ganham para constituir família, outros mais não descontam para ter uma velhice descansada. Isto é uma bola de neve por toda a vida e acabamos mal. Hoje em dia já temos exemplos do futuro, andam a privatizar os lares e isso significa dar lucro, percebemos já que os nossos idosos estão a ser explorados por mau serviço através da falta de bom rácio de funcionários e da falta de consumíveis e outros bens que deveriam existir para cuidar. Parece que nem tendo boa reforma haverá garantia de uma velhice digna.
Este é o resultado de uma sociedade de gula, de gente maioritariamente despida de sentimentos e vocacionada para o golpe do egoísmo que decide festejar o Natal. Nós não vamos bem e o mundo vai para pior. O que estamos a festejar no Natal? O entretenimento abafa tudo na inconsciência.
Enviado por Denúncia Anónima
Sábado, 9 de Dezembro de 2023
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