Corrupção no WC


N a semana em que a Polícia Judiciária filma um empresário a entregar dinheiro a um político num WC público, o Sr. Presidente da República incentiva os portugueses a irem votar. O mais engraçado de tudo é que depois virá um Sr. Juiz dizendo que não há indícios de corrupção e que os dois estavam apenas de diarreia.

Que confiança merecem os políticos que elegemos? De que serve levantar-se cedo, gastar gasolina e ir votar? Será que o nosso esforço é apenas mais um voto para um corrupto?

E não votar? Que fique claro que votando ou não votando, os políticos são eleitos na mesma, nem que seja com o seu próprio voto.

O voto é a única arma que temos contra os poderosos e o mais cómico é que somos nós que os colocamos lá. O problema das eleições é que a maioria das pessoas vota sem perceber minimamente o mecanismo dos votos. Na Madeira elegemos seis deputados cuja soma originam maiorias para formar governo a nível nacional.

Muitos dos eleitores madeirenses ainda não se aperceberam que não estão a votar diretamente no Luís Montenegro, no Pedro Nuno Santos, no André Ventura ou noutro qualquer, mas sim em pessoas desconhecidas colocadas numa lista pelos partidos políticos.

Qual dos leitores consegue-me dizer o nome de todos os seis possíveis candidatos apresentados pelos Partidos políticos a estas eleições? Talvez o nome de Pedro Coelho ou de Paulo Cafofo todos conheçam, mas a maioria dos eleitores não faz a mínima ideia quem são os restantes candidatos, ou seja, a maioria dos deputados é eleito anonimamente à boleia dos Cabeças de Lista.

São estas as pessoas que pouco conhecemos que vão ditar uma maioria na Assembleia da República e que irão governar Portugal nos próximos quatro anos.

Para os que pensam que a democracia é linear, o método Hondt de contabilização dos votos inclina a equidade da democracia. Por exemplo o círculo eleitoral de Lisboa elege 48 deputados para 1.915.377 de eleitores, ou seja, um deputado para cada 39.903 eleitores, na Madeira esse número sobe para 42.426, isto é, um eleitor da região de Lisboa vale mais do que um eleitor madeirense. É injusto? Sim, é!

Resumindo se o futuro governo tiver de decidir entre a região de Lisboa e a Madeira vai optar pelos 48 deputados que lhe garantem uma aprovação em qualquer outra negociação. Não sejamos ingénuos, na verdade a Madeira só se impõe se os deputados da Madeira não estiverem condicionados à disciplina partidária do Partido do Governo.

Sabendo tudo isto e mesmo contrariado, no próximo domingo vote, mal ou bem, vote!