Pela primeira vez foi possível votar em mobilidade. Agora votar é como ir ao Funchal ver as montras e por isso peguei na família e dirigi-me à secção de voto mais próxima.
F oi bom ver uns computadores e uns jovens nas mesas com uns computadores portáteis. É o futuro pensei eu. Entreguei o cartão de cidadão ao Presidente da mesa que confirmou que a foto linda do cartão era mesmo eu. A surpresa é que em vez de meter o meu cartão na ranhura do Card Reader do computador portátil, parece que o número do meu Cartão foi metido à unha. Fiquei desiludido com tanta tecnologia! E se o Presidente trocasse um dígito do meu número de Cartão de Cidadão e eu votasse por alguém de férias no Algarve? Como não sou desconfiado acredito que meteram o cartão na ranhura quando estava entretido a por a cruzinha no boletim. E se por distração tivessem metido outro cartão?
Com tanto entusiasmo pela tecnologia nem vi quaisquer delegados da CNE e de partidos políticos a fiscalizar a mesa mas, por sorte, encontrei alguns à saída na galhofa a contar anedotas. No fundo votar é uma festa!
Depois pensei porque é que tive tanta maçada em ir votar. Bastava às Secções de Voto terem uma lista de números de Cartões de Cidadão e fazerem o favor de votarem por nós, sem incomodar as pessoas que, como eu, preferem ficar em casa a coçar a micose.
Quando saí da Secção de Voto perguntei à família se tinha acontecido o mesmo com eles e nenhum deles viu o cartão ser inserido no leitor de cartões do computador.
Com tanta tecnologia e Inteligência Artificial ainda não se percebe porque é que o Boletim de Voto em papel ainda não foi substituído por um ecrã tátil com o boletim impresso no ecrã. Podemos até imaginar que o ecrã tivesse uma ranhura para o Cartão e o cidadão, depois de identificado, pudesse votar sozinho (e apenas uma vez) na intimidade da cabine de voto.
Já alguém pensou que no futuro podemos votar em casa no quentinho da cama? Claro que os mais céticos podiam logo alertar para as eventuais burlas com os cartões do avô que está internado num lar, da tia que sofre de alzheimer, ou ainda com o do ranhoso do vizinho, por isso ainda vão passar uns anos para que a tecnologia da impressão digital ou o reconhecimento facial no ato de votar chegue às nossas casas.
Nas últimas eleições europeias a AD (PSD+CDS) ganhou em 10 dos 11 Concelhos da Madeira ficando por conquistar apenas as freguesias das Achadas da Cruz, Caniçal e Machico. Com tanta gente inteligente ninguém do PSD se lembrou de pedir a uns clubistas ferrenhos para votar nessas freguesias?
Se no caso da freguesia do Caniçal era preciso um autocarro a abarrotar de votantes, no caso da freguesia das Achadas da Cruz bastavam seis Cartões para o PSD ganhar nessa freguesia. Fica para a próxima?
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